Entre os dias 24 e 30 de maio de 1954 realizou-se em Lisboa um Congresso Internacional de Superfosfatos (I.S.M.A. - International Superphosphate and Compound Manufacturers Association) que contou com a presença de representantes das seguintes nações: Portugal, Espanha, França. Inglaterra, Irlanda, Suiça, Alemanha, Itália, Bélgica, Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlandia, Holanda, Estados Unidos, Africa do Sul, Norte de África, India e Nova Zelândia.
Dr Jorge de Mello |
Casa São Cristóvão no Estoril onde decorreu o Cocktail |
No dia seguinte a comitiva rumou a Vila Franca de Xira, mais concretamente à Estalagem do Gado Bravo, local escolhido pelas empresas das minas de S. Domingos, Lousal e Aljustrel para oferecer o almoço aos congressistas. Durante o repasto os 400 congressistas poderam admirar danças e cantares caracteristicos da leziria ribatejana, tendo-se distinguido os seguintes solistas: Manuel Rabaça, Maria Paixão e Maria das Graça. Seguiu-se uma garraiada em que tomaram parte os cavaleiros Manuel Conde e Francisco Mascaranhas.
Capa do Menu |
Menu do Almoço |
Complexo da CUF no Barreiro |
No dia 28 os delegrados do I.S.M.A. visitaram demoradamente as fábricas da CUF no Barreiro sendo acompanhados pelo Sr. D. Manuel de Mello, Nicolas Gregori, José Manuel de Mello e eng. Eduardo Madaíl administradores daquela empresa, bem como pelo Dr. Jorge de Mello, delegado a indústria portuguesa ao conselho da Associação Internacional de Fabricantes de Superfosfatos. Depois de terminada a visita foi oferecido pela administração da CUF um almoço, no meio do qual o Sr. D. Manuel de Mello usou da palavra, merecendo sem sombra de duvida serem lidos os seguintes excertos:
"Dirijo-me a homens de trabalho para quem o estudo, o espirito de decisão e a actividade valem mais do que a oratória. Tal como os congressistas, entendo que os ruídos de uma fábrica em laboração valem mais do que um discurso. Direi mesmo: para visitantes de alta categoria social e industrial de V. Exas. valem mais do que qualquer outra homenagem. Escutemos, então, o que esta fábrica nos está dizendo pelas voz de suas máquinas.
Ela quer contar-nos a sua história, as suas grandes dificuldades iniciais, o seu lento progresso , as lutas constantes, as desilusões e as vitórias. É, afinal, a história de quase todas as grandes fábricas que pelo Mundo têm sido geradas por esse inigualável factor de fomento que se chama iniciativa privada. Mas esta fábrica fala-vos, principalmente do homem, tantas vezes incompreendido, que a soube criar e fazer grande. Do homem que, mesmo no túmulo, permanece junto dela, como que a dirigi-la ainda com o seu espírito imortal e a extraordinária força de vontade que para nós, seus sucessores continua sempre viva. Muitos de V. Exas. o conheceram e com ele conviveram em reuniões e congressos internacionais.
Alfredo da Silva, com audácia, inteligência e tenacidade, com o mais são, mais útil e mais indiscutível patriotismo, foi o primeiro industrial português do seu tempo, em época em que as grandes iniciativas económicas não tinham ainda o devido acolhimento entre nós. Deu-nos exemplo magnifico, exemplo que frutificou. Apontou-nos o caminho do futuro. Soubemo-lo seguir. Antes de Alfredo da Silva se lançar no fabrico de superfosfatos, faltavam quase totalmente á lavoura nacional os adubos nacionais, motivo por que ela se encontrava á mercê das guerras e outras causas de dificuldades de abastecimento do estrangeiro.
Fabrica de Superfosfatos da C.I.P. |
Hoje além desta fábrica que estão escutando, existem em Portugal mais duas outras, a da SAPEC de Setubal e a da Companhia Industrial Portuguesa na Póvoa de Santa Iria cuja soma de capacidade de produção atinge cerca de 650.000 toneladas a mais de superfosfatos, equiparadas portanto, para todas as necessidades actuais da lavoura metropolitana e ultramarina e para os aumentos de consumo previstos. Portugal, que soube conquistar o seu lugar como exportador de superfosfatos, deseja mantê-lo, para o que tem direito incontestável."
D. Manuel de Mello |
"Ao receber visitantes tão ilustres, esta fábrica inscreve os seus nomes, a letras de ouro, na memória dos seus dirigentes. Em meu nome pessoal e no conselho de administração da Companhia União Fabril, brindo por V. Exas. pela prosperidade das obras económicas e sociais que dirigem e faço votos ardentes para que o congresso do I.S.M.A. contribua para a cooperação internacional cada vez mais forte e portanto, cada vez mais util para todas as nações nele representadas."
De seguida o Sr. Douglas Bird usou da palavra agradecendo em seu nome e dos delegados o prazer que a Companhia União Fabril lhes proporcinou de visitarem as suas fábricas do Barreiro. O representante da Holanda, Sr. J. D. Waler agradeceu a recepção dispensada e brindou a Portugal. Por ultimo o Subsecretário do Comércio e Industria, regozijou-se com o facto de o congresso ter sido realizado no nosso país, permitindo aos delegados conhecer a realidade do nosso desenvolvimento industial, bem como das gentes portuguesas.
Após o almoço os congressistas dirigiram-se para Belém, para ali visitar o Museu dos Coches, seguindo depois para o Castelo de S. Jorge.
Fontes consultadas:
- O Século, Diário de Noticias, Diário Popular
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