quinta-feira, 26 de junho de 2008

Participação da CUF na Construção da Central Térmica do Carregado

A Central Térmica do Carregado, viu o seu Estudo de Localização aprovado a 27 de Março de 1964. Localizada a 30 quilómetros de Lisboa, junto à Linha férrea Lisboa-Porto, esta Central vinha reforçar o abastecimento de energia eléctrica à área da Grande Lisboa. O País encontrava-se numa época de franco crescimento a todos os níveis, a que os consumos energéticos não eram alheios, tanto a nível privado como a nível industrial. O preço de petróleo era ainda baixo, impulsionando a construção de Centrais Térmicas baseadas na queima de Fuelóleo. Verifica-se que a produção eléctrica por via térmica evoluiu de 998 milhões de KWh para 1686 milhões de KWh em 1972. A construção desde Central, com uma potência instalada de 500 MW decorreu entre os anos de 1964 a 1968, participando neste empreendimento o Grupo CUF através de várias empresas.


Profabril - Centro de Projectos Industriais

Coube a esta empresa a totalidade do projecto das estruturas de betão armado, incluindo as fundações do Edifício da Sala das Máquinas, do Edificio de Auxiliares Eléctricos da Estrutura de Apoio dos Reservatórios e Desgasificadores (Travée dês Bâches), das Celas dos Transformadores e de maciços de apoio de equipamentos vários.

Durante a construção do empreendimento a Profabril, adjudicou à Divisão Metalo-Mecânica da CUF as seguintes obras:

- Estruturas metálicas, cobertura e sistema de ventilação natural do edifício principal da Central.

- Sistema de armazenagem e de alimentação de combustível às caldeiras principais (1º e 2º grupo) e auxiliares; seus sistemas de purgas a traçagem por vapor; instrumentação destes sistemas.

- Sistemas de fluidos principais de média e baixa pressão (águas de alimentação das caldeiras, industrial e desmineralizada) e auxiliares (vapor, ar comprimido, água de incêndios, agua potável e azoto) para os dois grupos de turbo-alternadores.

Um facto curioso que podemos verificar neste empreendimento, é o da interacção entre a Profabril, com a Divisao de Metalo-Mecânica da CUF, assim observamos que tanto a Profabril contrata a CUF para certos trabalhos como assistimos ao inverso.

Assim a Divisão de Metalo-Mecânica da CUF contrata à Profabril a execução de todos os projectos referentes a estas empreitadas com execução das que se referem à ventilação natural do edificio, à protecção catódica das tubagens enterradas e o sistema de protecção de incêndios dos transformadores


Coube á EFACEC o fornecimento e montagem dos transformadores eléctricos (que aliás á sua época eram o maiores transformadores e de maior potencia construídos no país) com 150 000 KVA – 230 000 V – 204 000 Kg. Este feito colocou esta empresa ao nível dos maiores construtores mundiais de material eléctrico. Bem como forneceu os transformadores de medida Hermetic de Alta Tensão, disjuntores ortoejectores de pequeno volume de óleo (com 7500 MVA – 220 000 V) e motores eléctricos de Alta Tensão.



Motor Eléctrico de Alta Tensão Motor trifásico tipo AF, 1000 RPM, 570 KW

Fontes Consultadas:

  • Revista Binário - arquitectura, construção equipamento, nº117, Junho de 1968
  • Politica Industrial (1968-1972 Progresso em Paz)

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Chapas da Lisnave


Observe-se estas interessantes chapas da Lisnave. Interessantes não são? Seriam para colocar na farda de trabalho? Definitivamente não, pois ninguém andaria como uma chapa a dizer Folga. Este tipo de chapas certamente fariam parte da secção de pessoal ou de vários departamentos aos quais os trabalhadores pertenciam. Nas suas salas de planeamento e trabalho teriam quadros onde penduravam as chapas dos trabalhadores, e consoante estivessem a trabalhar ou na sua folga seria colocada a respectiva chapa. Numa época em que os computadores ainda estavam em fase de desenvolvimento, grandes empresas como a Lisnave ou a CUF, tinham de ter formas de organizar e esquematizar o seu esquema produtivo e saber quem nesse dia estava ao serviço e quem estava de folga. Registe-se que em 1973 na Lisnave trabalhavam mais de sete mil pessoas, era portanto necessário haver uma identificação para todos os seus quadros de uma forma eficaz, até mesmo para casos de acidente.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Isqueiro da EFACEC

E já que se está a falar da EFACEC, publico a foto de um interessante Isqueiro que possuo deles. Contudo as siglas E.I.E.L. não sei o que significam, por isso agradeço a quem saiba o seu significado que mo transmita.



Publicidade antiga da EFACEC

Numa época de acentuada expansão e grande dinamismo da EFACEC pela conquista de mercados á escala Global influenciando a sua mudança de logótipo apresento-vos antigos anúncios desta Marca. A EFACEC (Empresa Fabril de Máquinas Eléctricas S.A.R.L.) foi criada em 1948 com sede no Porto com capitais do Grupo CUF. O seu objectivo era o de substituir as pesadas importações que o país fazia na área do sector eléctrico (não nos podemos esquecer que nos encontrávamos em pleno período de Electrificação Nacional, com a construção de grandes barragens e construção de estações e subestações de energia) em Transformadores, Disjuntores, Postos de Seccionamento e Distribuição entre outros acessórios. Assim passa a EFACEC a produzir o equipamento para o sector eléctrico necessário, criando novos postos de trabalho e poupando a saída de divisas para o estrangeiro.


Anuncio de 1966



Anuncio de 1967



Anuncio de 1968



Anuncio de 1972

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Peça comemorativa dos 20 Anos do Estaleiro Naval CUF 1937-1957




No fim de semana passado comprei mais uma interessante peça da CUF. Quando a vi fiquei imediatamente apaixonado por ela. Veja-se a sua beleza, a Roda Dentada da CUF, tendo por cima uma âncora de um navio. Peça comemorativa dos 20 anos do Estaleiro Naval da CUF (1937-1957). Adjudicado o Estaleiro da Rocha Conde de Óbidos à CUF através da A.G.P.L. (Administração Geral do Porto de Lisboa) em Dezembro de 1936 após 3 concursos para a sua adjudicação, defendendo Alfredo da Silva uma politica de "nacionalização" desses estaleiros que até a data se encontravam em mãos de franceses. Desta forma o industrial conseguia os meios de querenagem necessários para a frota da Sociedade Geral, visto que os estaleiros privativos situados no complexo do Barreiro que apoiava esta mesma frota já se estava a tornar exíguo. É importante referir que durante os anos 20 e 30 a SG teve um enorme incremento e crescimento face a outras companhias, passando a ser a maior empresa de navegação portuguesa de transporte marítimo.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

O Futuro Incerto da Estatua de Alfredo da Silva


Hoje venho perante vós, falar de um tema que anda a causar polémica. Porque este é um blog sobre a história daquele que foi o mais marcante grupo empresarial português, é impossível contornar a recente polémica da Estátua daquele que fundou o Barreiro moderno. Inaugurada a 30 de Junho de 1965, como homenagem das gentes do Barreiro, ao homem que transformou um pequeno lugar de pescadores, numa vila moderna e industrializada (hoje cidade) cujo o nome era reconhecido no estrangeiro. Passados 43 anos, vem o progresso reclamar o espaço desta estátua. Será justo fazer isso? Não haverá outras possibilidades? Espero apenas que tanto a sua estátua, como o seu arranjo arquitectónico seja preservado de forma a que seja colocado no novo lugar a ser designado. Na minha humilde opinião, e como grande admirador de Alfredo da Silva, a sua Estátua, só deveria de ser transferida para o Largo fronteiro aos portões da actual Quimiparque. Há quem a queira colocar nas novas zonas nobres, há ate quem a queira colocar junto da nova Ponte. Mas quem conheça a personalidade e obra de Alfredo da Silva sabe que ele gostaria de ficar junto das suas Fábricas (mesmo que isso já faça parte do passado) o homem que desejou ser enterrado junto das suas fábricas, foi um caso único de amor a tudo aquilo que se resume a sua vida: A CUF. Assim como espero que aquando da nova localização da estátua não esqueçam de colocar as frases que por detrás da figura de Alfredo da Silva lá estavam e que o vandalismo de anos fez desaparecer:

"... Sinto-me mais seguro no Barreiro, do que em Qualquer outro Lugar"
Alfredo da Silva, Dezembro de 1928

"... O Orgulho de Servirmos Portugal, A Honra de Sermos Úteis À Nação"
D. Manuel de Mello, Março de 1952

"A Maior Obra Social da CUF, Foi é e Continuará a Ser a Criação Constante de Novas Fontes de Trabalho"
Dr. Jorge de Mello, Julho de 1965

Visita ao Complexo do Barreiro 1971

A data de 30 de Junho de 1971, comemora os 100 anos do nascimento daquele que foi um dos maiores industriais portugueses e fundador da CUF, Alfredo da Silva. Para tal foi criada pela CUF uma comissão executiva (liderada pelo Eng. José Domingos Vistulo de Abreu) de forma a homenagear a figura do seu fundador. Uma das maiores homenagens aconteceu a 23 de Junho de 1971 na Lisnave, com a inauguração da Doca Alfredo da Silva, uma das maiores do mundo com capacidade para navios até 1 milhão de toneladas de porte bruto. A 30 de Junho de 1971 e já no fecho dessas comemorações foi efectuada uma visita as instalações fabris da CUF no Barreiro, foram convidadas várias pessoas, personalidades da vida nacional e até internacional. Vejamos esse programa:

  • 10.00 h - Partida de Autocarro
  • 11.00 h - Visita às Fábricas da CUF no Barreiro
  • 12.00 h - Sessão Solene presidida por sua Excelência o Presidente da Republica.
  • 13.00 h - Almoço
No convite vem ainda a seguinte informação: "Pela muita consideração que nos merecem os Exmos. Convidados e para a sua maior comodidade, organizou a Companhia União Fabril um serviço especial de autocarros ligando directamente a Praça do Império às Fábricas do Barreiro

Procura-se assim atenuar as dificuldades de trânsito no percurso e garantir o cumprimento do horário estabelecido.

No interesse de todos , pede a Administração da Companhia União Fabril que Vossas Excelências utilizem exclusivamente estes autocarros, com partida da Praça do Império às 10 horas e regresso com inicio às 15 horas."


Observe-se agora o itinerário da visita, com ponto de partida, como não poderia deixar de ser, junto aos portões das fábricas:

  • Armazém de Adubos Granulados
  • Granulação de Adubos 2
  • Matérias-primas (Granulações de Adubos)
  • Moagem de Fosforite Raymond 1
  • Instalação de Adubos Aldrinizados
  • Armazem de Adubo Super 46%
  • Granulação de Adubos 4
  • Sulfato de Cobre
  • Parque de Matérias-primas de Cobre e Chumbo
  • Fábricas de Sulfato de Sódio e Ácido Clorídrico 3, 4 e 5
  • Fosfato Dicálcico
  • Central Eléctrica a Vapor 1
  • Óleos Comestíveis e Industriais
  • Pontes-Cais 1 e 2
  • Armazém de Fosforite
  • Ponte-Cais 4
  • Armazém de Sementes Oleaginosas
  • Armazenagem de Óleos
  • Engarrafamento de Óleos
  • Armazéns de Óleos
  • Terminal de Amoníaco
  • Pontes Cais 5 a 8
  • Ácido Sulfúrico (Armazenagem e Expedição 4)
  • Fabrico de Embalagens para Óleos
  • Armazém de Matérias-primas dos Pesticidas
  • Enxofre em Placas
  • Central Eléctrica a Vapor 2
  • Armazém de Pesticidas
  • Ácido Sulfúrico (Contacto V)
  • Embalamento de Pesticidas
  • Parques de Pirite 1,2 e 3
  • Enxofre para a Agricultura
  • Ácido Sulfúrico (Contacto VI)
  • Armazenagem de Amoníaco
  • Amoníaco e Ureia
  • Instalações de Amoníaco
  • Armazenagem de Nafta
  • Silo de Ureia
  • Instalações de Ácido Nítrico
  • Adubos Nitro-Amoniacais
  • Torre de Refrigeração 2
  • Instalação de Calcário
  • Instalações de Hexana
  • Instalações de Sulfato de Amónio
  • Oficina de Mecânica
  • Oficina de Caldeiraria
  • Instalações da TINCO


Legenda das Fotos:
  • Capa da Publicação com o mapa e detalhes da Visita
  • Brochura onde vinham os convites
  • Exemplar de um Convite (endereçado a um antigo Ministro do Interior)
  • parte do interior da publicação com os detalhes da visita