terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Postal da Sotinco





Em post anterior já aqui referi a história da Sociedade de Tintas de Construção, vulgarmente conhecida por Sotinco e que pelos vistos continua para durar. É para mim gratificante ver qualquer marca nacional seja em que área for atingir longevidade e aceitação por parte do publico, quer nacional quer estrangeiro.

Desta vez publico um curioso postal publicitário de inícios dos anos 70, época na qual os arredores da cidade de Lisboa crescem de forma exponencial devido à pressão populacional exercida pela cidade. Da necessidade premente de novas habitações, nascem verdadeiras cidades de betão, como foi o caso da Reboleira na Amadora, criada pela firma J. Pimenta. Alfragide (note-se que no postal o topónimo aparece ainda escrito como Alferragide) foi outro dos lugares inundado pela construção civil com as torres de habitação tanto ao gosto da época como a que se vê no postal. 

Achei curioso o nome de "Alferragide" e não hesitei em procurar uma justificação para tal. Assim fiquei a saber que é um topónimo de origem árabe, que estaria ligado a forragem, sendo esta noutras eras uma área agrícola. As pessoas de mais idade referiam-se ao local como "Alfarragide" bem como  "Alferragide" que com a evolução dos tempos se transformou em Alfragide.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Cartão de Visita do Dr. Jorge de Mello






Neste natal, recebi das mãos do meu grande amigo Norberto Santos, o melhor presente que me podiam dar. Aquilo que à primeira vista parece um envelope normalíssimo guardava dentro de si o cartão de uma das personalidades portuguesas que mais admiro. Este cartão foi enviado a Manuel Chaves Caminha, que pelo que pude investigar, fundou em 1926 uma firma com o mesmo nome que vendia (e vende, porque ainda hoje existe) desde chapas metálicas, filtros, camurça, cabedal etc. Como se pode ver o Dr. Jorge de Mello enviou este cartão a agradecer o telefonema feito por aquele empresário à sua pessoa. E pouco mais há a referir sobre esta peça, pelo selo da carta deve datar de 1970. 

sábado, 21 de dezembro de 2013

Votos de Festas Felizes


Caros amigos, mais um ano se aproxima da sua recta final. Sei que neste ano que passou foi pobre em posts, mas de facto a vida não é como nós desejamos. Aqui vos deixo este interessante postal de Boas Festas do Hotel Ritz. Hotel este onde a CUF teve um contributo fulcral para a sua construção, como irei explicar num post a escrever brevemente.

Desejo a todos os meus amigos e leitores nesta quadra festiva, um Feliz Natal, passado em boa companhia e cheio de fraternidade, e um Próspero Ano Novo de 2014 para todos.

                                                                                                       
                                                                                                                   Ricardo Ferreira

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

In Memoriam - Jorge de Mello 1921-2013

Esta semana fica marcada pelo desaparecimento daquele que para muitos foi considerado o ultimo industrial português (quando me refiro ao termo "industrial" é de facto na acepçao pura e dura de criaçao de industria seja ela pesada ou ligeira). Por isso venho até vós para prestar o meu ultimo tributo a esta personalidade para a qual sempre olhei com grande admiraçao. Se uns têm por idolos jogadores de futebol, cantores, actores, há tambem aquele que olham para homens os industriais e empresarios, cujas suas visoes empresarios contribuiram para o progresso do pais nas mais diversas areas. É esse o meu ultimo caso.

 De seu nome completo Jorge Augusto Caetano da Silva José de Mello, nasceu em Sintra em 1921 no seio de uma familia aristocrática com elevado peso no tecido produtivo da nação.  Desde cedo lhe fizeram compreender a importancia de ser um Mello e de ter por avô Alfredo da Silva. Vivendo uma infancia repartida entre Sintra e Estoril, Jorge de Mello fez os primeiros estudos na Escola Primaria de Cascais, ingressando depois no Colégio Infante de Sagres. No seu livro de memórias Jorge de Mello refere que:

"nunca senti nenhum previlégio especial, nem os meus pais alguma vez alimentaram essa ideia, quer comigo, quer com as minhas irmãs e o meu irmão. Ia para a escola a pé. Quando chovia, lembrava-me que havia automoveis na garagem, que estavam parados mas nunca tive a ousadia de falar nisso à minha mãe. É verdade que tinha gabardina e os meus colegas de escola, que apanhavam a mesma chuva, talvez não tivessem sapatos com solas tao grossas como os meus. Mas essa diferença não era sentida por mim, não era importante não me sentia diferente deles."

Efectuou depois os estudos superiores (muito a contra gosto) no Instituto Superior Técnico (ali se manteve ate ao 2 ano do Curso, tendo interrompido o mesmo para cumprir o serviço militar  entre 1942 e 1945) onde Jorge se deveria formar em Engenharia Quimica, como era vontade expressa do seu avô. Porém Jorge sempre manifestou grande interesse pelo universo da gestao economica, assim e apos a morte do seu avô decide inscrever-se no ISCEF, passando a ter uma vida bastante preenchida. Nestes primeiros anos, os estudos e as responsabilidades que lhe sao atribuidas na CUF ocupam-lhe muito do seu tempo.

Jorge entra para a empresa em 1945, nunca epoca na qual a empresa estava a passar por grandes transformaçoes e modernizaçoes, que foram fulcrais para o crescimento e consolidação da CUF em novos sectores economicos do pós-guerra. É restruturado e fortalecido o seu quadro de pessoal tecnico, aumentado o seu nivel cientifico, com o recrutamento gradual e selecionado de dezenas de engenheiros, economistas, médicos, e outros especialistas para o desenvolvimento ou criação de novos serviços.  É feita uma aposta muito signficativa na area tecnica e na area de investigação de forma a criar condições para se atingirem niveis de produtivade e eficiencia paralelos aos observados em países estrangeiros mais desenvolvidos. Neste periodo é descoberto a seu pai (D. Manuel de Mello) a doença de parkinson, o que leva Jorge e o seu irmão José a assumirem responsabilidades e cargos de cada vez maior importãncia nos destinos da companhia. Durante este perido para alem dos negocios estará intimamente ligado à criaçao da Colonia de Férias da CUF, localizada em Almoçageme e inaugurada em 1950, destinada aos filhos dos trabalhadores. Amante do Desporto, praticava, ténis, futebol, hoquei e tiro, chegando mesmo a ser campeao nacional desta modalidade. Sempre demonstrou grande carinho pelo Grupo Desportivo da CUF (apesar de ser um fervoroso adepto do Sporting) e sempre o tentou dinamizar o mais possível. Deslocava-se frequentemente ao Barreiro para ir assistir aos jogos de futebol do Clube. Como grandes iniciativas deste periodo pode-se destacar a criação da UFA em Alferrarede que produzia amoniaco electrolitico, a construção no Barreiro da primeia fábrica nacional de granulação de adubos (1951), e a criação da fabrica de tintas Tinco (em associação com a multinacional inglesa I.C.I). Ou ainda a participaçao da empresa através do seu sector melato-mecanico, nas mais variadas obras publicas (construção de condutas forçadas, pontes rolantes, equipamentos para barragens, fabricas etc.) do esforço de modernizaçao nacional do pós-guerra.



Se a década de 60 foi a época de ouro da economia nacional com crescimentos superiores aos da média europeia à procura de uma rápida aceleração/transformação do tecido produtivo e das actividades economicas, nao o foi menos para a CUF. A empresa abre novos horizontes, exporta para paises que até então nenhuma empresa portuguesa sonhara fazê-lo: Japão, Australia, Egipto, Alemanha, Estados Unidos, Europa do Norte, Bulgária etc, comprovando a qualidade dos seus produtos, bem como a capacidade concorrencial da empresa. Abarca novas áreas de negócio como a Hotelaria/Turismo, Alimentar, Estudos de Mercado, Bioquimica etc. Manuel de Mello era já um homem muito doente, e quem geria verdadeiramente o Grupo empresarial era Jorge e o seu irmão, José, a quem coube o merito da criação dos Estaleiros da Lisnave, o primeiro empreendimento português vocacionado a 100% para o Estrangeiro.

Em 1963, Jorge de Mello é um dos mentores da C.I.E. - Comissão Interna da Empresa, que pertendia ser um elo de ligação entre os trabalhadores e a administração. Reunindo uma vez por mes na sede da CUF (Av. Infante Santo)  membros da administração e representantes dos varios sectores industriais da empresa debatiam desde, assunto relativos às fabricas, segurança no trabalho, escola da cuf, colonia de férias, dispensa operaria, etc. Segundo se diz à época o próprio governo do Estado Novo ficou alarmando com tal coisa, achando que poderia trazer grandes maleficios para a empresa e para o trabalho nacional, mas tal não aconteceu. O empresario limitou-se a aplicar um modelo já existente em paises mais desenvolvidos, onde as relações inter-laborais, eram vistas com outra preocupação social.


Em Outubro de 1966 com a morte D. Manuel de Mello, Jorge irá naturalmente ascender à presidencia da empresa, cargo que irá ocupar até 1975. No inicio dos anos 70, quando o Grupo CUF ja se preparava para assumir projecção internacional havia uma especie de cantilena que dizia assim: "Oh meu Portugal tão lindo,/ oh, meu Portugal tão belo,/ metade é Jorge de Brito, / metade é Jorge de Mello. Durante este periodo o Grupo para alem de uma constante aposta na modernizaçao das suas fábricas, procura novos processos de fabrico, estende de novo a sua actividade a outros sectores da vida económica, (Frio Industrial, Decoraçao de Interiores, Marmores, Casinos, Cargas e Descargas Martitimas, Montagens Industriais, Super e Hipermercados, Restaurantes e Refeitorios etc.). São efectuadas joint-ventures com reputadas empresas internacionais, caso da Mitsubishi nas fibras sintécticas, a Billerud no fabrico da Pasta de Papel, ou da Kawasaki nos estaleiros navais etc. Juntamente com esta medidas o Grupo CUF aposta na sua internacionalização sendo criadas as primeiras empresas no estrangeiro, casos da Interacid (Suiça), da Intercuf (Brasil), ou da Navelink (Suiça). A partir de 1973 essa mesma estratégia de internacionalização passa por um sério investimento no Brasil, onde a CUF pretende ganhar posiçao na industria adubeira, fabrico de tabaco, alimentação e construção/reparação naval. Ao mesmo tempo a Companhia continuava a participar nos maiores projectos de desenvolvimento económico nacional, caso no novo Estaleiro Naval de Setubal (Setenave) e do Complexo Industrial de Sines, na qual a CUF juntamente com a Sonap, começaram a construir a partir de 1973 uma refinaria de petroleos com uma produçao anual de 10 milhão de toneladas/ano. (que nos pós 25 de Abril passará para as maos a Petrogal). Esta é tambem a fase em que o industrial manda chamar a prestigiada consultora Mckinsey por forma a reestruturar um Grupo cada vez mais complexo, em que alguns dos seus sectores atingiram já a saturaçao de vendas no mercado interno, sendo necessario prescutar novos mercados, sectores a investir, e reconversao dos existentes.

Com o 25 de Abril de 1974 e as mudanças radicais ocorridas na politica e economia nacional, ditam no ano seguite a nacionalizaçao do Grupo CUF. Para se perceber a sua dimensao e importancia no tecido economico nacional refira-se apenas que nele trabalhavam mais de 110 mil pessoas, em mais de 150 empresas diferentes, que produziam mais de 1000 produtos diferentes, sendo responsavel por 5% de toda a nossa economia. Meses depois do 25 de Abril, o seu irmão José Manuel de Mello, encontra-se com Alvaro Cunhal na sede do partido, numa tentativa de chamar a atenção para o facto de que a destruição não levava a nada. Cunhal ouviu e concordou em parte. Segundo José de Mello "na altura as pessoas ouviam mas nao acontecia nada" Juntamente com o seu irmão, Ricardo Espirito Santo, Antonio Champalimaud, Jorge de Brito, Mario Vinhas e outros empresarios criar a MDE/S (Movimento Dinamizador Empresa/Sociedade) numa tentativa de lançar as bases de uma moderna economia liberal de tipo ocidental. Mas os tempos não estavam para essas coisas.

Após o 11 de Março de 1975 as condições politicas e sociais do pais agudizam-se e Jorge de Mello bem como os restantes empresarios nao ficam imunes aos novos ventos que se fizeram sentir. Assim a 12 de Março de 1975 o COPCON cerca pelas 18 horas a sede da CUF levando o empresario para Caxias onde ficaria detido durante uma semana. E so lá esteve esse curto perido graças à pressão exercida por várias personalidades nacional e estrangeiras, de onde sobressai a figura do Presidente da Republica françês Valérie Giscard d´Estang.

Em pleno PREC o dia a dia nas empresas era feito pelas comissoes de trabalhadores, que ontrolavam tudo e todos, efecuando longos plenarios onde era tudo era discutido e debatido. Perante tal cenario, Jorge de Mello sabia que naquele momento permanecer no pais, era perda de tempo. Preferiu não assistir ao golpe final desflorado em Setembro através do Decreto-Lei 457/75 na qual o governo nacionaliza por fim  CUF. Partirá para Suiça ali permanecendo três anos, seguindo depois para o Brasil para um exilio, que so acabará em 1980 ano que regressará definitivamente a Portugal. Fico  também dedicido pelos irmãos que dali para a frente, os negocios seriam repartidos. Numa entrevista o empresário explicou:

"Tem sido muito explorado o facto de sermos dois irmãos e de cada um ter o seu pequeno grupo. É que a nós foi-nos tirado tudo. Cada um de nós, o meu irmão, eu e as minhas irmãs recebemos como indemnizações aquelas titulos da divida pública, a 2,5% por 28 anos. Aquilo não dava para fazer muito: por isso, combinei com o meu irmão que cada um ia recomeçar tratando da sua vocação."

 Assim em 1980 Jorge de Mello, decide reinvestir em Portugal, para tal arranja um escritorio onde contava com uma equipa de 10 pessoas. Em 1982 adquire ao IPE - Instituto de Participações do Estado (organismo criado para gerir as empresaas intervencionadas pelo Estado aquando das nacionalizações de 1975) a Alco, empresa de transformaçao de sementes oleaginosas. Para tal teve de vender grande parte do seu património: Quinta de Ribafria, a Herdade do Peral, A Casa do Monte Estorl (que era do seu avó Alfredo da Silva) etc.

Nos anos seguintes o empresario construiu um grupo empresarial vocacionado para industria alimentar, adquirindo antigas empresas pertencentes à CUF, casos da Sovena e da Compal. Em finais dos anos 80 é constituida a Nutrinveste. Esta empresa tornar-se-á a holding do grupo Jorge de Mello para o sector dos oleos alimentares. Será sob a sua égide que em finais dos anos 80 principios de 90 serão adquiridas empresas como a Lusol, Tagol,  ou Fábrica Torrejana de Azeites, que irão catapultar a sua dimensao e volume de vendas. Apesar de ter dito "um empresário nunca se reforma. Não por uma questão de conquista, mas antes de continuidade" em inicios dos anos 2000 entregou os negocios da familia ao seu filho mais velho Manuel Alfredo de Mello.

Nos ultimos anos de vida, o empresário levava uma vida calma, dividida entre os jogos de tenis, cartas, e alguma batidas de caça. Porém em 2005 Jorge de Mello sofreu uma queda na sua casa do Estoril enquanto brincava com os seus labradores. Partiu o colo do femúr e teve de se sujeitar a um periodo de fisioterapia. Infelizmente no fim do perido de recuperaçao sofreu um AVC e entrou em coma. Só recuperou a consciência  meses mais tarde, ficando incapacitado de andar e de falar. Aos 92 anos partiu para sempre deste mundo deixando o seu legado. Fechou-se para sempre o derradeiro ciclo da história da CUF. A sua ultima morada é o Cemitério de S. Marçal onde foi sepultado no jazigo de familia.

Até sempre meu idolo!!!

Para rematar esta minha sentida homenagem deixo aqui um pensamento que se encontra no seu livro de memorias. Apenas akguem com inteligencia superior e dotada de um grande sentido de visão poderia escrever isto:

"E quanto à riqueza, conheci muitas pessoas em Portugal, de quem nunca se falou, que eram e são muito mais ricas do que eu. E é claro que bastava passar a fronteira para encontrar pessoas muito mais ricas e poderosas do que eu alguma vez poderia ser em Portugal. A ideia de riqueza é muito mais um produto da imaginação dos que não se sentem ricos. Um dia alguem me falou do homem mais rico de Potugal, ao que respondi que também já tinha sido disso, com a ironia de quem me conhece a relatividade desses atributos e desses titulos."


domingo, 13 de outubro de 2013

Saco de Enxofre SACOR manufacturado pela CUF



Ora aqui está, uma interessante novidade que estava hoje à minha espera na feira. Um saco de enxofre da SACOR fabricado pela CUF. A datação deste saco é inquestionavelmente dos anos 50, pois o simbolo da SACOR tinha ainda o "olho" no S que à epoca imitava como que uma cobra.

 A SACOR - Sociedade Anonima Concessionária da Refinaçao de Petroleos em Portugal é criada pela Lei 1947 de 12 de Fevereiro de 1937. Os seus três grandes accionistas eram o Estado Português, Martin Sain (empresario dos petroleos romeno) e a Familia Espirito Santo. À epoca, ideia do Estado era precisamente a que Portugal deveria de ser auto-suficiente tanto em termos de abastecimento das ramas petroliferas (dai o nascimento em 1947 da SOPONATA) bem como da própria refinaçao. Tais politicas irão ter como efeito a criaçao de postos de trabalho e o embaratecimento do preço dos combustiveis.

O local escolhido para a implataçao da refinaria foi Cabo Ruivo, arrancando a sua laboraçao em 1940. Em meados dos anos 50 a refinaria sofrerá uma modernizaçao e amplicaçao, produzindo-se apartir de 1955 pela além do gasoleo, asfalto, fuel, gasolina, gas butano e propano, ainda os seguintes sub-produtos: enxofre e anidrido sulfuroso.

É certamente durante este periodo até finais dos anos 50, época na qual a SACOR funda a Nitratos de Portugal, (empresa que irá fabricar adubos azotados e nitro amoniacais) que a empresa recorre à CUF enquanto fornecedora de sacos de linho por forma, a assim poder vender o seu enxofre produzido por via quimica nas instalações de Cabo Ruivo.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Alfama olhando o Tejo


Se á primeira vista o titulo e a foto nao evidencia nela vistigios do tema associado a este blogue desengane-se quem por aí. Se há um tema que gosto em particular é a Fotografia, tema que tem pano para mangas e que é sem duvida uma marca e um testemunho das eras, dos acontecimento das pessoas etc. 

A foto que hoje vos trago, curisamente encontrei-a publicada na revista "Menina e Moça" de Novembro de 1971, esta publicaçao era editada pela Mocidade Portuguesa Feminina. Esta é daqueles tipos de foto que verdadeiramente aprecido, parece composta por camadas. E voces perguntarão "mas a que é que ele se está a referir?"

Pois bem se em primeiro plano temos os velhos telhados do casario de Alfama, onde um homem se encontra debruçado na varanda da sua agua furtada, mais abaixo uma fragata cruza o Tejo vagarosamente. Em pleno Tejo encontramos daqueles gigantes super-petroleiros que os lisboetas de hoje já não estao habituados a ver por estas paragens. O gigante dos mares encontra-se fundeado, ali no meio do Rio, enquanto o "Praia Branca" da Gaslimpo, trata da lavagem e desgasificaçao dos seus tanques. Depois de concluida essa operação, o "mamute" terá luz verde para entrar nas docas da Lisnave onde será reparado, ou modernizado. 

Lá mais ao fundo, a vista ainda alcança um aglomerado de formulas geométricas criadas pelo Homem, trata-se da Vila do Barreiro. Na paisagem sobressai, a altaneira e fumegante chaminé do TCP (Tratamento de Cinzas de Pirite) situada em pleno Complexo Industrial da CUF.

Nota da Administraçao do Blogue

Caros amigos, de facto há já muito tempo que não me debruçava sobre o meu blogue. Devido a esta inactividade de dois meses, muito possivelmente pela cabeça de alguns de vós teria passado a ideia que teria desistido do mesmo. Não, isso nao é verdade, o problema é a falta de tempo, nesta vida sempre agitada. Pois, cá estou de novo, para tentar publicar com uma maior regularidade as "estórias" da História do Grupo CUF, curiosidades, factos, etc. Quero também deixar um muito obrigado a todos os meus leitores e seguidores que aqui vêm diariamente e que tanto enriquecem este espaço. Obrigado tambem a todos aqueles que de alguma forma me tentam ajudar para que este blogue seja uma referencia sobre este tema que me é tao querido. 

Os melhores cumprimentos

Ricardo Ferreira

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Folha Publicitária da Tuberite


A Tuberite, era um produto fabricado pela empresa Plant Protection, sendo no nosso pais representada pela CUF. Introduzido em Portugal no incio dos anos 50, este pecticida tinha por função evitar o grelamento das batatas durante o seu periodo de armazenamento, podendo-se afirmar que tal produto actuava como um conservante. A Tuberite era vendida em pacotes de 300 g, caixas de 1 quilo, e sacos de 50 quilos.

Segundo os Manuais agrcolas da época a sua composição era a seguinte: Isopropil-fenil-carbamato

"Uma só aplicação permite conservar os tuberculos em boas condições durante vários meses. Não convem aplicar a Tuberite antes de terem decorrido 4 semanas após o arranque das batatas, podendo esperar-se que os primeiros grelos começem a «apontar». Não aplicar Tuberite às batatas destinadas a plantação.

Doses: Nos casos normais 1,2 quilos de Tuberite por tonelada de batata armazenada. "*

Este folheto, impresso num genero de papel biblia data de Julho de 1952, tendo sido editados 25 mil exemplares pelo Centro de Propaganda e Publicidade da CUF.

*cf. "Simposium Agro-Pecuário de 1961" pag. 111

sábado, 25 de maio de 2013

Lápis Publicitário da CUF

Em tempos idos os lápis e as canetas eram uma eficaz estratégia publicitátria por forma a fazer passar marcas ou produtos para o grande publico. Em miudo ainda me lembro nos tempos de escola de haver diversos tipos de lápis às cores, publicitando todo o tipo de coisas. O certo é que na actualidade ja nao os vejo por ai, terão caido em desus com a revolução da informatica e da cibernética? As canetas essas continuam a gozar de boa saude pelo que vejo.

Pois aqui vos deixo nais esta curiosidade: um Lapis publicitando, os azeites, oleos e saboes da CUF, bem como os telefones da empresa em Lisboa e no Porto. Se à primeira vista este parece um lapis vulgar, desenganem-se, pois ele tem de diametro 1 cm, e de comprimento 21,5 cm.



sábado, 20 de abril de 2013

Lisboa - Doca do Espanhol anos 60

Há umas semanas atrás, adquiri por curiosidade alguns "slides" com fotografias tiradas do Porto de Lisboa, tiradas por um senhor alemão que visitou Portugal há 40 anos. Depois de uma aturada procura, pois eram centenas de slides, de diversos temas, natureza, animais, touradas, ferias na neve, la me deparei com alguns slides com imagens do Porto de Lisboa, e pensei "Porque não mandar fazer em fotos?". Foi o que acabei por fazer, e cá estão eles. Infelizmente não foram guardados com os cuidados devidos, apresentando bolor, tirando alguma qualidade e belezas às fotos que aqui irei colocar. Porém olhar para elas é como viajar no tempo e regressar uma época em que Portugal olhava de uma forma muito diferente para o Mar. Para os amantes de navios (onde eu me incluo) é absolutamente delicioso, olhar para um Porto de Lisboa cheio de navios mercantes nacionais que davam um colorido aquele espaço.


 Nesta foto e visível (ainda que muito desfocado) a proa do "Rita Maria" da S.G. e  ao seu lado mais ao fundo o cargueiro "Beira" da CNN


 Neste emaranhado pictográfico de navios, sobressai o cargueiro "Beira", a pedir uma nova pintura do casco


 Uma panorâmica tirada da Doca do Espanhol para o lado da Rocha Conde de Óbidos, por entre os batelões e fragatas, avistamos de novo o "Beira" seguido de um Navio-tanque da Soponata que devido ao tipo de construção poderá ser o "Alvelos", "Cercal", "Dondo" ou o "Erati"


 Termino com a minha foto preferida: Uma bela perspectiva do Paquete da S.G. "Amélia de Mello" com a sua chaminé a fumegar.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Postal enderaçado ao Chefe da Fábrica de Oleos da CUF

 
À  primeira vista, este aparenta ser um corriqueiro postal com uma das vistas mais tradicionais de Coimbra. Porém, o seu verso encerra a curiosidade de ser dirigido ao Sr. José Luiz Nicola, que à época era Chefe da Fábrica de Óleos da CUF no Barreiro,podendo ler-se o seguinte:
"Coimbra, 27/8/51

Sr. José Luiz

O que eu mais estimo é que este meu postal o vá encontrar de perfeita saúde e em companhia de sua esposa, que eu cá vou indo um pouco atrapalhado. Sr. José receba muitos comprimentos e abraços do seu amigo. Muller foi logo a primeira coisa que ele me perguntou foi pelo Sr. José Luiz e eu disse que estava bem e também perguntou pelo Leitão Gomes. Sr. José dou (ou dê) recomendações ao pessoal todo do escritório e também ao Alberto. Sem mais receba recomendações de seu amigo"

Só tenho pena de não se saber quem o escreveu, pelos vistos preferiu ficar no anonimato.  Mas a História é assim mesmo. Facto inegável é que teria sido também ele um trabalhador da empresa.


sexta-feira, 5 de abril de 2013

Gravata da Lisnave

Já lá vão praticamente três meses em que nada tenho escrito no blogue, mas por vezes a vida profissional é demasiado absorvente consumindo grande parte do nosso tempo. Pois bem, cá estou eu de novo, sempre com o intuito de mostrar novos objectos e de contar histórias da história do Grupo CUF. 

Hoje trago como curiosidade, nada mais nada menos que uma gravata da Lisnave.  De facto há já muito tempo que sabia da sua existência, apenas por fotografia (que aqui reproduzo, na qual se consegue ver razoavelmente essas tais gravatas) Pois bem, quis o destino que após uns anitos me viesse parar às mãos uma gravata da empresa, com mais de 40 anos, que como poderão ver encontra-se em perfeito estado de conservação. Observando a parte de trás podemos ler "100% Terylene, Lavável e não passar a ferro". E já que não estou muito dentro dos assuntos de gravatas, peço a quem souber que me ajude a deslindar a marca da gravata: À esquerda está um símbolo vermelho onde se pode ler ATCA. Segundo a nossa leitora Cristina Almeida (a quem eu muito agradeço as informações) a sigla ATCA refere-se a Alves e Teixeira da Cunha Lda., empresa que se encontrava sedeada na Rua dos Coreeiros. 

José Manuel de Mello, com Rogério Martins (Secretário de Estado da Industria) apresentando-lhe o projecto SETENAVE. Como poderão ver dois altos quadros da Lisnave (sendo que o senhor à direita era o Eng. Perestrello), estão a usar este modelo de gravata.



quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Bilha de Azeite da CUF


 Pormenor da tampa em rosca

 Chapa com o numero identificativo da bilha

Tudo indica que esta bilha recém adquirida por mim, era usada no transporte de azeite. Muito provavelmente seria da CUF de Alferrarede, local onde a empresa possuía uma unidade de produção de azeite, desde o longínquo ano de 1907. Quanto à sua cor, não sei se é original, pois parece-me "nova" demais. A bilha mede 66 cm de altura detendo 30 cm de diâmetro. Como se pode observar possui uma tampa em forma de rosca, presa a uma correia que a liga-a uma das asas. Ao cimo da bilha é visível uma pequena chapa que identifica o respectivo numero da bilha no inventário da empresa: 4726.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Exportações CUF


Estávamos em Junho de 1964, quando a publicação Informação Interna - CUF editou este curioso mapa desenhado por A.E. Santos. A politica da empresa sempre se baseou primeiramente no fornecimento a 100% dos mercados internos, exportando as respectivas sobras. Porém, em meados dos anos 60, alicerçada num programa de renovação/modernização de estruturas e introdução de novos produtos essa politica é reequacionada, apostando a CUF cada vez mais nos mercados externos, como forma de uma maior rentabilização dos seus investimentos. O que aqui vemos neste mapa é precisamente os inícios de tal filosofia. Como se poderá facilmente constatar, excluindo o então Ultramar Português, verificamos a penetração dos produtos da empresa em mercados bastante exigentes e competitivos, como os EUA, Japão, ou Alemanha. Praticamente se exceptuarmos a África para a qual a empresa exportava apenas para dois países (Africa do Sul e Rodésia), constatamos grande dinamismo em exportações para os mercados da Europa do Norte, Médio Oriente e Ásia.