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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

A Induve

Esta minha primeira postagem deste novo ano de 2018, demorou um bocadinho mais do que eu estava a espera pois fui encontrando novos dados que me levaram a reformular o texto que agora se apresenta. É dedicada a um tema muita vezes esquecido ou ignorado: os negócios ultramarinos do Grupo CUF. Talvez por a informação disponível ser parca, é ainda hoje uma área que se encontra praticamente por estudar. Se  juntarmos a esta problemática as longas guerras civis, tanto em Angola como em Moçambique, e o consequente desaparecimento/destruição, não só dessas unidades industriais,  bem como dos seus arquivos, não nos restará por certo, grande margem de manobra para um estudo detalhado sobre tais actividades.  

Apesar da CUF ter alargado os seus negócios ao Ultramar português logo em 1919, (criação da Casa Gouvêa na Guiné e mais tarde a Companhia do Congo Português em Angola) ainda sob a liderança de Alfredo da Silva, será apenas nos anos 50 que o Grupo estende exponencialmente as suas actividades económicas a estes territórios. Ali iriá criar empresas abarcando os mais variados sectores e produtos: minérios, industria alimentar, cordoaria, banca, seguros, navegação representações de marcas, etc.


Porta-chaves da Induve


Vista da Fábrica em 1967
A INDUVE - Industrias Angolanas de Óleos Vegetais S.A.R.L. foi criada em Agosto de 1957 nessa vaga de investimentos, com vista ao aproveitamento das matérias-primas ultramarinas. O seu capital accionista encontrava-se repartido pelas seguintes firmas: CUF, Sociedade Nacional de Sabões, Macedo & Coelho, Comfabril e Sovena. Os dois anos que se seguiram foram dedicados à construção das modernas instalações fabris, situadas às portas de Luanda, na Estrada do Cacuaco. Dedicada essencialmente à extracção e refinação de oleos vegetais, fabrico do sabão e rações para animais a marca Induve foi crescendo, impondo-se no mercado angolano ao longo dos anos. Mas não se pense que os primeiros anos foram fáceis, marcados por um periodo em que apesar do grande esforço dispendido, a situação das suas contas/lucros encontrava-se altamente deficitária. Tudo estava por fazer, e a Induve percebeu que para reverter a situação em que se encontrava era preciso mudar a sua estratégia. Numa terra com tão vastas potencialidades agrícolas como Angola, não fazia sentido estar-se a importar oleaginosas para o fabrico do oleos alimentares. Assim, um dos objectivos primaciais da empresa, passou pelo incremento da produção local da matéria-prima oleaginosa tão necessária à sua laboração.


Vista da Fábrica - anos 60


Stand da Induve - FILDA 1972
Criadora de marcas como, o óleo de amendoim Maná, o óleo de girassol Gisol, ou o óleo de milho Solmil, representava ainda as consagradas marcas metropolitanas como o Clarim e o Tudóleo da Sovena. Os grandes esforços iniciais acabaram por ser largamente compensados, pois em 1969 a Induve é já responsavel por 33% da produção de sabão, 40% da produção de óleo de amendoim e 85% da produção de óleo de girassol de Angola, valores que mostram a grandeza e importância desta empresa no território. No ano seguinte a companhia produziu 61,6% dos oleos comestiveis e 49,1% dos sabões consumidos em Angola. Tudo isto só foi possivel pela grande racionalização dos processos de fabrico apoiados por um elevado "Know-How" bem como de meios humanos (refira-se que entre 1969 e 1973 o quadro de pessoal passou de 280 para 440 elementos). Em 1971 foi modernizada a sua Saboaria, tendo-se instalado uma nova linha de arrefecimento contínuo de sabões, nesse ano foi também ampliada a capacidade da fábrica de óleos, com a entrada em funcionamento de uma nova unidade de extração por dissolventes (Unidade De Smet sobre a qual já havia falado no meu blogue em Julho de 2010) elevando o seu nível de transformação para 120 Ton/dia. A Induve era presença constante nos mais diversos certames e feiras de Angola, caso da FILDA (Feira Internacional de Luanda).


Anuncio de 1972


Anuncio de Aumento de Capital - 1974
Para além de utilizar matéria-prima 100% angolana a empresa dava também o seu contributo para a divulgação de adquadas técnicas agrícolas. Em 1973/74 devido á forte expansão do sector de alimentação e higiene em Angola, a Induve tinha já previsto um plano de expansão do aumento da capcidade de refinação de óleos de 8.100 para 21.600 toneladas/ano, a duplicação da produção de sabões e a entrada no campo dos detergentes. Planeava-se ainda a criação de uma nova unidade de aproveitamento de glicerina destinada à exportação. Este programa de investimentos estava orçado na ordem dos 75 mil contos, facto que levou a empresa em Novembro de 1974 a lançar um aumento de capital social de 65.000 para 100.000 contos para fazer face a tais encargos. Porém, como se pode ler no relatório e contas da empresa, referente a esse ano, o momento escolhido para o fazer não foi o mais propício: "o mercado financeiro de Angola estava acusando [...] as consequências de uma agitação social que afectava sensivelmente a actividade económica". Maís à frente o texto justifica da seguinte forma outra das razões de tal insucesso: "Verificou-se de facto, que o grande investidor não aproveitou esta oportunidade de comparticipar de um empreendimento, que é útil e rentável. Apenas a pequena poupança se interessou, com o número de adesões apreciável mas de fraca expressão no montante a subscrever." E a partir de 1974-75, com grande pena minha, não possuo mais dados sobre a empresa, porque deixam também de haver jornais de Angola nos arquivos e bibliotecas portuguesas.


Botoeira da Induve para colocar no casaco




Na actualidade a Induve S.A. é uma das joias da coroa do Grupo Phoenician Eagle que investiu uma elevada soma de capitais com vista à sua modernização. Possui hoje equipamento e tecnologia do mais moderno que existe no campo da produção da farinha de milho com uma capacidade instalada de 450 toneladas/dia, bem como 100 toneladas/dia de rações para animais. Em 2007 foi construida uma nova fábrica de engarrafamento de óleos alimentares com capacidade de encher 6000 garrafas e 500 "jerrycans" por hora. Actualmente trabalham na Induve S.A. mais de 250 empregados. Tal como no passado, a empresa continua a deter um papel importante no fomento das matérias-primas locais, participando com o governo em programas de incentivo a determinados tipo de culturas (caso do milho). É curioso verificar que ao longo destes 61 anos de existência ainda hoje o óleo Maná é uma marca de referência da empresa às quais se juntaram entretanto novas marcas tais como: Tia Bella, Fubada, Romana, Nossa Fuba, Solmilho, Gazela do Norte, Óleo d´Ouro, Óleo Dourado e Óleo Kamba.


Vista Parcial das Instalações Industriais da Induve na actualidade



Moderna Linha de ensacamento de farinhas
Fontes Consultadas:


  • Relatórios e Contas da Induve (1967, 1968, 1971 e 1974)
  • Jornal "A Provincia de Angola"
  • The CUF Group - 1969
  • O Grupo CUF - 1972

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Anuncio do Grupo CUF - Angola 1948

Interessante grafismo de um anuncio datado de 1948 do Grupo CUF em Angola. Numa época em que ainda não havia sido fundada a COMFABRIL que se irá tornar a partir de 1954 a representante dos produtos e empresas da CUF, a empresa possuía já nos anos 40 uma Agência-Geral em Luanda. Não nos podemos esquecer do interesse crescente da CUF pelo ultramar português, quer em termos de carreiras marítimas efectuadas pelos navios da SG, bem como a constituição de empresas nesses territórios. Em Angola a CUF estava presente desde 1943 com a constituição da ECA - Empresa do Cobre de Angola, que possuía jazidas no norte do território: as jazidas de Tetelo.  Agradeço ao meu amigo Manuel Correia a cedência deste anuncio.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Postal a cores do Edificio da COMFABRIL


Sobre a COMFABRIL já em post anterior escrevi um pouco da sua história, que não é fácil de fazer, pela falta de fontes ás quais se possa recorrer. Contudo outro dia tive o prazer de adquirir um belíssimo postal a cores que deve datar de meados/finais dos anos 60, da Avenida Paulo Dias de Novais com o Edifício da empresa e o seu belo "neon", uma verdadeira viagem no tempo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Curiosidades: Carimbos de Livros das Bibliotecas da CUF

O resultado de se andar por feiras de velharias, leva-nos a temáticas interessantes como esta que hoje aqui vos trago. Falando aqui e ali, desfolhando livros nestas feiras, encontram-se curiosidades sobre o tema entre os demais livros que por lá andam perdidos, á espera de encontraram os seus futuros compradores. É o caso deste livro:




Trata-se de um livro pertencente á Biblioteca da Liga de Instrução e Recreio CUF (como se pode ver no carimbo, colocado na primeira pagina do livro - foto2). Observa-se ainda nessa página que provavelmente o livro teria chegado á Biblioteca no ano de 1932. Olhando agora para a foto3 na ultima pagina do livro estava afixada a página das devoluções, cuja a ultima entrega estáva datada de 5 de Agosto de 1967. Estamos pois perante um livro que ainda é do tempo da já referida Liga, que foi, por assim dizer, a "mãe" do Grupo Desportivo da CUF (criado a 27 de Janeiro de 1937).





Veja-se agora estes dois exemplares, dois manuais um é um Guia prático de Fertilização por Adubos, e o outro escrito em espanhol é também um manual de Fertilização. Trata-se de dois manuais, que pelo que sei foram requisitados por engenheiros agrónomos que se encontravam em Angola ao Centro de Documentação da CUF.

No primeiro livro olhando os carimbos, podemos verificar que era do Centro de Documentação, e mais abaixo pode ler-se a sigla D.P.A. - documentação e biblioteca. Informando-nos que este livro era pertença da Divisão de Produtos para a Agricultura da CUF.
Em cima, a vermelho verificamos que o livro foi enviado a 29 de Novembro de 1961.

No segundo livro sobre Fertilização, obverve-se o curioso carimbo no topo riscado a lapis, pertencente á COMFABRIL - Companhia Fabril e Comercial do Ultramar, que alias já referi parte da sua história num post anterior. Em baixo ve-se o carimbo da CUF a referir que se destinava ao mercado externo, neste caso á entao provincia de Angola.

Deixo aqui estes curioso 3 exemplos de carimbos ligados á CUF e á vida da empresa. Espero que seja do agrado de todos.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Anuncios da COMFABRIL

Tal como já referi num post anterior, os anúncios fazem também parte da história das empresas. Neles se pode observar muitas coisas, os produtos fabricados ou comercializados, até á politica e ideais de uma empresa. Pois bem, tal como prometido aqui coloco alguns anúncios da COMFABRIL que curiosamente descobri numa revista num alfarrabista em Lisboa. Creio ser raro encontrar este tipo de anúncios, (ou não), de qualquer forma aqui fica o testemunho de uma empresa da CUF no antigo Ultramar. Last but not the list, reparem, no símbolo da empresa, é precisamente uma roda dentada, mas com o pormenor de ter a iniciais C.F.C.U. Este símbolo como já expliquei anteriormente, (a partir de 1973) passou a ter o novo símbolo da CUF.























sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

A COMFABRIL

No meu blogue já me pediram para falar sobre os investimentos da CUF no antigo Ultramar. Pois bem chegou a altura de dar resposta a esse pedido, apesar de ser difícil de reescrever parte da sua história. Com base em postais e anúncios que possuo vou apresentar um pouco daquilo que foi a COMFABRIL. É no ano de 1954 que é constituída a Companhia Fabril e Comercial do Ultramar (COMFABRIL) iniciando assim a sua actividade em terras de Angola. Esta empresa representava os interesses do Grupo CUF (CUF, Sociedade Geral, Império, Soponata etc.) em Angola, a sua sede encontrava-se na Avenida Paulo Dias de Novais, num belíssimo edifício estilo português, ao lado do Banco de Angola. Para além de representem empresas como do Grupo CUF, dedicava-se também ao comércio a retalho, sendo ainda importador e representante de certos produtos estrangeiros (distribuidores dos Pneus Goodyear e do Whisky Catto´s). Para além da sua sede em Luanda, detinham uma rede de agencias que cobria praticamente todo o território de Angola.
Actualmente a COMFABRIL continua a existir no mesmo local, (sendo hoje o nome da Avenida, 4 de Fevereiro) trabalha hoje num ramo totalmente diferente, resinas sintéticas, plásticos, e fabrico de químicos.

Sede da COMFABRIL

Arcadas e Montras da Sede da COMFABRIL á noite



P.S. - Peço a todos aqueles que se interessam pelo tema, ou de pessoas que viveram em Luanda, que tenham fotos onde apareçam a COMFABRIL ou me possam dar mais informaçoes sobre a empresas, contactem para este mail: ricardo.estoril@gmail.com

sábado, 12 de janeiro de 2008

O Símbolo da CUF


Não se sabe ao certo quando surgiu o tão famoso símbolo da Roda Dentada que foi sem dúvida a principal imagem de marca da CUF.
Contudo aponto o aparecimento do famoso icone por volta dos anos de 1912/13, altura em que na folha "A agricultura" editada pela própria Companhia, surge pela primeira vez o logótipo da Roda Dentada. Bom vocês perguntarão e com muita razão: “E então de 1865 aos anos 10 qual era o símbolo?”. É uma matéria que ainda está por estudar, contudo e mais uma vez devido a publicações que possuo, durante esse período, certamente um dos símbolos usados seria o da Fábrica Sol.


A simbologia da roda dentada no final do séc. XIX inícios de XX estava implicitamente ligada ao fomento e dinâmica industrial. Símbolo que acompanhará gerações de portugueses, numa vasta gama de produtos, das rações, aos adubos, passando pelos sabões ou azeites, a roda dentada estava sempre presente. Facto curioso a palavra LISBOA foi imposta á CUF para não haver confusões com a então CUFP - Companhia União Fabril Portuense, uma empresa de cervejas hoje inserida na UNICER.


Os anos passaram e chega-se a 1973, e a CUF então liderada por Jorge de Mello decide alterar o seu símbolo. Procurando uma nova imagem rumo ao futuro, assente nos novos conceitos de indústria, progresso, modernidade e universalidade. A Roda Dentada transformou-se em seis elementos com a forma de um C (a 1ª letra da sigla CUF) sobre um fundo azul, homenageando as primeiras empresas associadas do Grupo: a própria CUF, a Sociedade Geral, a Tabaqueira, a Sociedade António Gouveia, a Companhia de Seguros Império e a Empresa do Cobre de Angola, todas elas fundadas por Alfredo da Silva, exceptuando a ultima. Foi um símbolo efémero, poucas são as pessoas que se lembram dele, durou muito pouco tempo (de 1973 a 1976) contudo este símbolo iria estender-se á FISIPE, á COMFABRIL e ao Hospital da CUF.

Legenda:
  1. Símbolo da Fábrica Sol
  2. Símbolo da CUF
  3. Simbolo da CUF ( a partir de 1973)

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Livro de Itinerários da S.G., 1º Semestre de 1970



Recentemente adquiri esta publicação dos itinerários da S.G., que achei bastante interessante, espero que todos os interessados pelo ramo da marinha mercante gostem deste post.

Logo na primeira página podemos observar toda a frota da S.G. (composta por 26 navios e 2 rebocadores de alto mar). Nas páginas seguintes encontravam-se as carreiras que a S.G. efectuava.

Verificamos que a carreira Cabo Verde e Guiné era efectuada pelos navios, “Alfredo da Silva” e “Rita Maria”.

Na carreira de Angola, encontramos os navios de carga “Arraiolos”, “Cunene”, “Bragança” e “Cabinda”, em serviço de passageiros encontrava-se o paquete “Amélia de Mello”, com saída no Porto de Lisboa, passava em Leixões, S. Vicente, Cabinda, Luanda, Lobito, Moçamedes rumando de novo a Lisboa.

Passando agora a carreira França – Inglaterra – Angola, os navios: “Belas”, “Ambrizete” e o “Borba” faziam escala nos seguintes portos: Dunquerque, Londres, Liverpool, Leixões, Lisboa, Luanda e Lobito.

Nas carreiras do Norte da Europa – Angola, que partiam de Hamburgo, passando por Bremen, Roterdão, Antuérpia, Lisboa, seguindo depois para os portos angolanos, encontravam-se ao serviço 5 navios: “Almeirim”, “Bragança”, “Alenquer”, “Alcobaça” e o “Arraiolos”.

A carreira Norte da Europa – Portugal era servida pelo “António Carlos” com escalas em Leixões, Bremen, e Hamburgo.

A carreira Portugal – Inglaterra – Portugal era efectuada por navios fretados a outras companhias, o “Wi – To – Lion” e o “Westerems”.

Para finalizar este artigo refira-se que a Sociedade Geral tinha uma rede agentes por toda a Europa, e Africa Portuguesa. Em Angola, a representação era maioritariamente exercida por outra empresa do Grupo C.U.F. – a COMFABRIL, Companhia Fabril e Comercial do Ultramar, enquanto que na Guiné era a famosa Empresa António Silva Gouveia.