domingo, 21 de novembro de 2010

Sacas da UFA e UNISOL

Voltemos hoje de novo ás Sacas. A primeira que aqui apresento é, feita de juta (também alcunhada por alguns de Sarapilheira)noutros tempos continha 50 quilos de Sulfato de Amónio produzida pela UFA sendo depois comercializado pela CUF, daí poder-se encontrar nela os símbolos das duas empresas. Infelizmente não se encontra em perfeito estado de conservação, mas acredito que nos dias que correm já seja muito difícil encontrar raridades destas.




Pormenor das Letras da Saca


Verso da Saca


O próximo é um saco de 45 Quilos de Farinha de Trigo importada dos Estados Unidos, de uma marca sem duvida com um nome curioso e original! Robin Hood MultiFoods Limited. Este produto seria certamente representado e distribuído no nosso país pela UNISOL (Sociedade de Distribuição e Exportação S.A.R.L.) empresa criada em 1967, que como a sigla nos indica estava vocacionada para a Distribuição e Exportação de produtos, quer fossem do Grupo CUF como de marcas estranhas à empresa, tinha a sua sede na antiga fábrica sol em Alcântara.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Carta Publicada no Jornal do Barreiro em Julho de 2010

Após ter lido este delicioso texto, com memorias sobre Alfredo da Silva, escrito por um Barreirense (houvessem mais como ele...) não resisto em partilhar com os meus leitores. Felizmente ainda existem pessoas sensatas, que não foram toldados pela cegueira das ideologias politicas, sendo este texto um belo testemunho, e uma justa homenagem ao industrial fundador do Barreiro moderno.

Barreiro, Julho de 2010

Exmo. Senhor Alfredo da Silva

Desculpe o meu atrevimento, mas resolvi escrever-lhe uma carta para o informar de alguns episódios (só de alguns…) que, por aqui, vão acontecendo.
Peço, também, autorização (sei que não era necessária…) para tratá-lo apenas por Patrão como, carinhosamente, gostavam de o tratar os milhares de trabalhadores, seus amigos, que acolheu nas suas fábricas.
O Patrão não sabe quem eu sou. Digo-lhe, apenas, que nasci em 1929 e que o meu pai começou a trabalhar na C.U.F. em 1930, sendo logo músico na Banda que o senhor tinha criado e que, sem grande esforço, até pode ser considerada progenitora da actual Banda Municipal.
Durante a década de 1930 eu, que morava na rua Brás, frequentei, quase diariamente, o Bairro Operário, essa coisa “horrível” que o senhor também criou e que, em Portugal, só a C.U.F. e o Barreiro possuíam, já quase há 30 anos: casas humildes, é certo, mas com água, luz e esgotos instalados, o que, na altura, era quase um milagre.
Em 1936, com 7 anos, fui para a escola primária da C.U.F., essa outra “aberração” sua, criada na década de 1920, onde, periodicamente, já éramos observados pelo médico; não sei se em Portugal, nessa altura, isso acontecia em qualquer outra escola…
A década de “trinta” não foi uma década de vida fácil, é verdade: primeiro, foi o sacrifício exigido a todos para que Portugal saísse da “bancarrota”, logo a seguir, a Guerra Civil de Espanha e, terminada esta, a Segunda Guerra Mundial. Tudo isso trouxe demasiados entraves económicos, financeiros e outros a todo o país mas, no Barreiro, contra o que muitos procuram esconder ou ignorar, a crise foi muito atenuada, graças à C.U.F. e, é justo reconhecê-lo, à C.P. e às várias fábricas de cortiça, embora estas laborassem, muitas vezes, com horários reduzidos; na verdade não é justo afirmar-se que houve fome no Barreiro, como alguns, por motivos “algo convenientes” gostam de afirmar; passou-se mal, é certo, mas fome, verdadeira fome, não!
Patrão, apesar de tudo, guardo gratas recordações desta década. Aqui vão algumas:
- Foi, no decorrer dela, que o vi, pessoalmente, cerca de uma dezena de vezes, quase sempre ao Domingo; duas ou três vezes na estação do Barreiro-Mar, com a sua secretária e, as restantes, na fábrica, quando ia levar o jantar a meu pai, de serviço no portão, e que me dizia: olha, aquele senhor além, de bengala, é o Patrão, o Senhor Alfredo da Silva e aqueles dois rapazes que estão com ele (isto, umas 2 vezes) são seus netos.
- Lembro-me, pelo menos desde 1933, das Festas do 1º de Maio que se realizavam na mata dos Casquilhos; eram verdadeiras festas dos trabalhadores, com actuação da Banda de Música, torneios lúdicos entre várias secções da fábricas, como os de tracção à corda e jogo do pau, espectáculos de fantoches (robertos, como nós dizíamos…) para a miudagem, etc., etc.. Entretanto íamos comendo o farnel que, cada um, tinha levado de casa. Era, de facto, uma festa dos trabalhadores, sob a égide de um SILVA. Hoje o 1º de Maio não é festa, é luta, isto é (segundo o dicionário), peleja, combate, guerra. Como diria a nossa querida Beatriz Costa a diferença está em que, naquela altura, os SILVAS eram ALFREDOS!
- Também me recordo de, na Escola Primária, andar a ensaiar uns versos que iríamos cantar, em sua homenagem, na inauguração de um busto seu que, em segredo, lhe andavam a querer erigir. O mais bonito é que o Patrão veio a saber, antes do tempo, o que se andava a planear, proibiu a “coisa” e o busto foi muito bem escondido, aguardando melhor oportunidade!
- Só mais uma recordação para não me alongar mais. Foi em 1940, tinha eu acabado de fazer a instrução primária; o Patrão promoveu uma visita, para todos os trabalhadores e suas famílias, à Exposição do Mundo Português. Vários rebocadores, puxando, cada um, duas ou três fragatas, partiram do cais da C.U.F. directamente para Belém, levando mais de 2000 pessoas. Não fora isto e, a maior parte delas, não teria tido a oportunidade de desfrutar desse grandioso evento.
Em 22/8/1942 o Patrão deixou-nos, causando, especialmente no Barreiro, profunda mágoa. Em 20/8/1944, ainda eu não estava na C.U.F., acolitei o saudoso Padre Abílio Mendes, outro grande barreirense de coração, nas cerimónias da sua transladação para o Barreiro, aqui ficando connosco, como sempre foi seu desejo.
Em 1965, ano do centenário da C.U.F., o Barreiro homenageou-o, inaugurando uma estátua sua, entre o mercado e o parque. Eu assisti, juntamente com alguns milhares de barreirenses. A estátua tinha, na sua base, o seguinte:

-30 DE JUNHO DE 1965 – A ALFREDO DA SILVA-HOMENAGEM DO BARREIRO –

e, atrás, num pequeno muro, entre citações de seu neto e de seu genro, uma sua, de 1928, que, por motivos que julgo compreender, não transcrevia fielmente, o que então afirmou, dizia:

“Sinto-me mais seguro no Barreiro do que em qualquer outro lugar”

Quem ama o Barreiro, quem gosta verdadeiramente do Barreiro, jamais deixaria perder tal citação. Toda a gente sabe da má fama que, à data, o operariado do Barreiro gozava no resto do país (de quem seria a culpa?). Pois em 1928, quando um jornalista lhe perguntou se não receava andar tão à vontade pelo Barreiro (lembra-se Patrão?) o senhor, num sincero acto de amor a esta terra, respondeu:

“Sinto-me mais seguro, de noite, nas ruas do Barreiro, do que de dia, passeando pelas ruas de Lisboa”.

Ele há, de facto, gente mesquinha que não sabe como é feita a verdadeira história, neste caso, a história de uma terra. Fazem-na à sua medida e à sua maneira. Mas não é para admirar, é o padrão habitual da escola onde aprenderam e onde se inspiram…
Vem tudo isto a propósito de quê? É que, por causa de umas obras que por aqui andaram a realizar (e que ainda não acabaram…) depois de um acordo entre a C.M.B. e os construtores do FORUM (que eu até achei que foi muito bom, teve foi um mau acabamento…), retiraram a sua estátua do pedestal e, provavelmente, só não a mandaram para a fundição por não haver, agora, nenhuma no Barreiro, dado aquela que o senhor cá deixou, já não existir. Podiam, muito bem, tê-la colocado, embora com outro enquadramento, no mesmo local. Mas não, preferiram construir na parte nobre da Praça, à boa maneira barreirense, uma coisa que nós, vulgarmente, costumamos apelidar de “mamarracho” e, à estátua, resolveram implantá-la no chão, bem puxadinha para um dos lados e sem identificação, à laia do “monumento ao cauteleiro anónimo”, mantendo-a assim durante alguns meses. Há pouco tempo, porém, depois de inúmeras e constantes “observações” sobre o tão inusitado anonimato, decidiram colocar lá uma placa com o seu nome e mais uns dizeres que, se forem bem analisados, são uma ofensa àquilo que o Patrão sempre representou. Eles “sabem-na toda” e julgam que os outros são todos uns ceguinhos. Mas, Patrão, não se zangue, pois melhores dias virão, acredite.
Entretanto não se espera mais nada pois, segundo consta, “eles já deram tudo para esse peditório”…
Hoje fico-me por aqui, mas se tiver um correio que lha leve, prometo escrever-lhe, pelo menos, mais uma carta, embora mais curta, para lhe dizer que o senhor não é o único injustiçado nesta terra, outros há a fazerem-lhe companhia. Depois saberá.

PS: - Patrão, não se aborreça, mas verifiquei que a sua estátua, como está mesmo a jeito, já serve de mictório e não é só aos cães…

Do eternamente reconhecido

Antero Antunes dos Santos


FONTE - Jornal do Barreiro

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Saca de Ureia da CUF

Mais um curioso e interessante achado feito esta semana, perdido nuns armazéns agrícolas de gente amiga, que sobreviveu até hoje. Uma saca de 50 quilos de Ureia, já com a Marca da CUF, pois por volta de Novembro de 1974 a UFA, (que até aí era a responsável pelo fabrico da ureia), foi integrada na empresa. Como tal esta saca deve datar dos anos de 1975, 76.

Este adubo é usado como fertilizante de fundo e de cobertura nas mesmas condições que os adubos azotados que contenham o seu azoto sob a forma de nitro-amoniacal, é recomendável para as culturas sachadas de Primavera e na cultura do arroz.

Cigarros Varino

Datando provavelmente dos anos 40, o cigarro Varino, aqui apresentado, seria sem dúvida uma homenagem ás gentes do mar. A palavra Varino, deriva de outra mais antiga designada Ovarino, cujo significado é habitante ou natural de Ovar, pois era dessa localidade que eram a maioria das Varinas e Varinos que na Lisboa do século passado se dedicavam a venda do pescado. Observa-se o símbolo da Tabaqueira gravado no cigarro, este chegou aos nossos dias neste excelente estado de conservação devido a estar dentro de uma cigarreira, sem duvida um belo exemplar.



domingo, 7 de novembro de 2010

10 Anos da PROFABRIL, Noticias de Imprensa e Medalha

A PROFABRIL - Centro de Projectos S.A.R.L. comemorava em Novembro de 1973, o seu décimo aniversário, para o efeito, convocou os órgãos de imprensa de forma a assinalar a efeméride. Empresa pioneira do "engineering" em Portugal, resultado com antigo Departamento de Projectos da CUF (como já foi referido num "post" anterior) encontrava-se neste periodo numa verdadeira fase de crescimento exponencial quer fosse em Portugal, com projectos de alto nível, como as obras de expansão do Estaleiro da Lisnave, as Refinarias do Porto ou de Luanda, ou a Universidade de Lourenço Marques, começava também a ser reconhecida a nível internacional a sua capacidade de trabalho, com obras no Brasil, Espanha, Bahrein, ou Marrocos. A sua politica expansão assentava na criação de filiais, estando presente nos seguintes países Angola, Moçambique e Marrocos.

Aqui vos deixo duas noticias sobre os 10 Anos da Empresa, uma retirada da Revista Flama, data de 9 de Novembro de 1973, e outra retirada do Jornal Republica, da mesma época. (para aumentar basta clicar sobre as noticias)



Quanto à medalha, de estilo muito moderno, a autoria é do escultor Vasco Nuno, foram feitas 500 exemplares, o material é Bronze.