Interessante e raro postal editado pela CUF para a exposição Industrial Portuguesa de 1932. Há já algum tempo coloquei aqui um postal semelhante a este, contudo este detém algumas diferenças e até dados novos.
Analisando o postal à lupa, da esquerda para a direita, é possivel observar em primeiro plano junto ao rio, as primordiais instalações da oficina da Caldeiraria, que para alem de prestarem assistência a todo o complexo, davam ainda apoio directo ao pequeno estaleiro naval ali existente, onde a CUF construiu os primeiros navios e rebocadores da frota da SG. Acima pode-se ver as instalações para fabrico de sulfureto de carbono, enxofre e respectivo armazém. Ainda mais acima, pode-se ver já parte da Zona Têxtil numa fase inicial, na década seguinte iria práticamente duplicar a sua área. A seu lado podemos ver o local onde mais tarde se instalou o Campo de Santa Barbara que ainda se encontrava em estado praticamente natural.
Ao lado pode-se ver o antigo Bairro operário ladeando o edifício da Sede da então Liga de Instrução e Recreio CUF, que mais tarde deu origem ao Grupo Desportivo da CUF. Note-se que o chamado "Bairro Novo da CUF" (do qual já aqui postei uma reportagem fotográfica) ainda estava em fase de construção, apenas existindo duas vivendas.
Continuando a caminhar para a direito, deparamo-nos com a zona química, na época autenticas catedrais de madeira tijolo e ferro, onde era produzido o acido sulfúrico, ainda em unidades usando o processo de câmaras. Os telhados em Zig Zag e de grande continuidade, referem-se às instalações dos super-fosfatos, seguindo-se já a caminho para o Largo das Obras, aquilo que me parece ser um parque de cinzas de pirite de grande dimensão. As chaminés altas que se vêm acima do parque de cinzas, pertenciam à Metalurgia do Cobre.
Contudo o dado mais curioso encontra-se no verso do postal: Fábricas em Barreiro, Lisboa, Porto, Óbidos, Alferrarede, Mirandela.... e Sevilha! Como é óbvio, fui investigar um pouco mais sobre este empreendimento. De facto a partir de 1919 ate 1926/27 o industrial cansado de diversos atentados contra a sua vida, vai exilar-se em Espanha, passando algum tempo também em França. Portanto não será estranho a um homem como Alfredo da Silva, irrequieto e um constante criador de obra, tivesse prospectado o mercado espanhol e visto ali uma possibilidade de expansão da CUF alem fronteiras Segundo Miguel Figueira de Faria, no seu livro biográfico sobre Alfredo da Silva, refere que o industrial fundou em 1923 a Compañia Uniõn Fabril, que detinha um capital social de 6.000.000 pesetas, possuindo escritórios na Rua Juan de Mena, 10 em Madrid. Esta informação é complementada na sua foto-biografia editada pelo Circulo de Leitura, onde na página 114 se afirma "Em 1925 começa-se a estudar uma fábrica de enxofre para Sevilha", mas infelizmente perde-se por aqui o rasto daquilo que terá sido a CUF Espanhola. Portanto e com base nestas informações, tudo indica que essa fábrica de enxofre existiu e se manteve pelo menos a funcionar ate 1932, numa época em que Alfredo da Silva já se encontrava de pedra e cal em Portugal. Fica porém por responder quanto tempo durou, quando terminou e quais ou motivos. Será certamente motivo para um estudo mais aprofundado quando houver oportunidade para tal.