
Bases do Concurso
- Menor tarifa de portagem
- Menor montante de empréstimos estrangeiros
- Maior montante de capital social
- Maior participação portuguesa na concessionária a ser fundada
- Menor prazo de duração da concessão
- Menor prazo de execução dos trabalhos de construção
- Melhor nível de estudos de carácter técnico e financeiro
- Negociação sobre a melhor quantia oferecida pelo lanço Lisboa - Vila Franca de Xira (construído em 1961)
Plano das Construções
- Conclusão da Auto-Estrada do Norte (Vila Franca de Xira – Carvalhos), numa extensão de 273 quilómetros
- Auto-Estrada do Sul, construção do acesso ao Futuro Aeroporto de Lisboa (Rio Frio) e o lanço entre o Fogueteiro e Setúbal numa extensão de 35 quilómetros
- Auto-Estrada da Costa do Sol compreendendo uma extensão de 20 quilómetros (Estádio Nacional – Cascais)
- Auto-Estrada Lisboa – Sintra, 20 quilómetros
- Auto-Estrada do Oeste entre Lisboa e Malveira, numa extensão de 20 quilómetros
- Auto-Estrada do Porto a Braga e Guimarães, numa extensão de 57 quilómetros
- Auto-Estrada do Porto à Povoa de Varzim, numa extensão de 23 quilómetros
- Auto-Estrada do Porto a Penafiel, numa extensão de 32 quilómetros.
O projecto resulta assim numa rede de 480 quilómetros de Auto-estradas, onde seria também integrada os lanços anteriormente construídos. Estimava-se, segundo este plano a entrada ao serviço desta rede entre os anos de 1973 e 1982. Para o efeito o Governo criou uma comissão de técnicos para analisar as várias propostas levadas a concurso. A comissão era presidida pelo Eng. Manuel Duarte Gaspar, presidente da J.A.E. Dr. Luís Pires Cabral da Procuradoria Geral da Republica, Eng. Fernando Barbosa Perdigão e Eng. Manuel Pinto Serrão direcções do Serviço de Construção e do Gabinete de Estudos e Planeamento da J.A.E.
Foram três as propostas apresentadas a concurso:
- Grupo Internacional Brisa
- Grupo CUF
- Consórcio Luso-Hispano-Italiano
Vejamos pois a formação dos três grupos concorrentes:
Grupo Internacional Brisa
Sociedade de Empreendimentos e Infra-estruturas Interbrisa S.A.R.L.
Consorcio Financeiro:
• Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa
• Banco Fonsecas & Burnay
• Credito Predial Português
• Crédit Franco-Portugais
Empresas Nacionais:
• Sociedade de Empreitadas Somague S.A.R.L.
• SEOP – Soecidade de Empreitadas e Obras Públicas S.A.R.L.
• EMPEC – Empresa de Estudos e Construções Lda.
Empresas Estrangeiras
• Sir Alfred McAlpine and Son Ltd. (Inglaterra)
• S.A. Conrad Zschokke (Suiça)
• Societé Française de Travaux Publics Fougeroulle S.A. (França)
• Societé Général d´Entreprises S.A. (França)
• Societé Routière Colas S.A. (França)
• Bec Frères S.A. (França)
• Finanzas y Projectos S.A. (Espanha)
• Técnica y Obras S.A. (Espanha)
• Ginez Navarro e Hijos Construciones S.A. (Espanha)
Grupo CUF
• Companhia União Fabril S.A.R.L.
• Lindsay Parkinson e Co. Ltd. (Inglaterra)
• W. e C. French Ltd. (Inglaterra)
Consorcio Financeiro
• Banco Totta & Açores S.A.R.L.
• Kleinwort Benson Ltd.
• (possibilidade de criação de um segundo grupo tanto de bancos nacionais como estrangeiros para assegurar os investimentos a realizar)
Consultoras técnicas:
• Owen Williams and Partners
• Profabril - Centro de Porjectos Industriais S.A.R.L.
Consorcio Luso-Hispano-Italiano
• Banco Pinto & Sotto Mayor
• Banco Português do Atlântico
• Liga Financeira S.A. (Espanha)
• Union Industrial Bancária S.A. – Bankunion
• Impresit-Impresa Italiana all Estero S.A.
Apresenta-se seguidamente as propostas das três empresas:
Grupo Brisa
• 65% de capitais nacionais sendo 35% de origem estrangeira
• 522,2 Km de extensão de percursos
• Execução da Rede em 12 anos
• 27 anos de concessão
• Participação do Estado em 10%
• Compra do troço da Auto-estrada Lisboa – Vila Franca de Xira ao Estado (500.000 em 4 prestações)
• Tarifas médias ($40 e $60 para veículos ligeiros e pesados)
Grupo CUF
• Valor do capital desconhecido (sendo que 24% seria do Grupo CUF e associadas, 20% Estado Português, Lindsay Parkinson e W. e C. French ambas com 23% e 10% para outra comparticipações internas))
• 446 Km de extensão (tendo apresentado 6 projectos diferentes)
• Execução da Rede em 12 anos
• 88 anos de concessão
• Participação do Estado até 20%
• Compra do troço da Auto-estrada Lisboa – Vila Franca de Xira ao Estado (400.000 contos em 10 prestações)
• Tarifas médias ($50 por veiculo)
Consorcio Luso-Hispano-Italiano
• Capital inicial de 500.000 contos
• 480 Km de extensão
• Execução da rede em 12 anos
• 35 anos de concessão
• Participação do Estado (desconhecida)
• Compra do troço da Auto-estrada Lisboa – Vila Franca de Xira ao Estado (400.000 contos em 10 prestaçoes)
• Tarifas médias ($45 por unidade movimentada)

Como se sabe quem veio a ganhar este concurso foi a BRISA que até hoje é a concessionária de parte da rede de Auto-Estradas de Portugal. Este foi um dos projectos do Grupo CUF que não tiveram sucesso como aconteceu no passado com o arrendamento da Linha Sul e Sueste nos anos 20, ou a tentativa de controlo da Companhia Portuguesa de Rádio Marconi em 1926.
O projecto do Grupo CUF para as auto-estradas se o analisarmos bem tem os seus prós e os seus contras:
- A favor poderemos enunciar a capacidade de auto-financiamento e de concretização, pois como se sabe o Banco Totta e a Profabril eram empresas do Grupo, o que tornaria o projecto menos dispendioso, apesar da necessidade natural de recurso a capitais estrangeiros.
- Contra temos de enunciar a extensão da rede de Auto-Estradas, foi o grupo que apresentou a menor extensão de quilómetros, já para não falar no prazo de Concessão onde muito se alargou perante os seus concorrentes, o concurso dizia explicitamente “menor prazo da duração de concessão”, tornando-se inviável.
O facto mais curioso é que hoje em dia o maior accionista nacional da BRISA é o Grupo José de Mello com 30% do seu capital e que detém também a CUF.