sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Impressões de uma Visita á Colonia de Férias da CUF

Hoje trago-vos de novo um tema que, é muito querido, neste blogue, refiro-me à Colónia de Férias da CUF. Andava eu em investigações quando descobri um interessante texto feito um por trabalhador da empresa sobre a visita à respectiva colónia, que não resisto a postar, aqui fica ele:

"Como é a Colónia de Férias da C.U.F., impressões da visita do pai de um colono"

"Ainda estou debaixo da agradável impressão causada pela minha visita de hoje à Colónia de Férias da C.U.F. em Almoçageme, perto de Colares. E fiquei tão satisfeito que não deixo de fazer algumas considerações.

Depois da camioneta nos deixar, caminha-se um pouco e pé e eis que surge a Colónia logo distinguida à distancia pelas letras CUF, implantadas no depósito que sobressai acima da vegetação. À entrada recebem-se senhas para a visita e indica-se o número do colono que se pretende ver. Num pequeno edifício, quase mais um alpendre, as famílias aglomeram-se, esperam ansiosas. Vão olhando as lindas flores junto à entrada, os baloiços os «escorregas», todo um parque infantil espalhado por debaixo dum pinhal frondoso. Mas crianças... nem uma se vê. Há comentários, perguntas, suposições, sobretudo da parte dos que têm ali os filhos pela primeira vez.
Alguém grita:
- Lá vêm eles!

E toda a gente corre a espreitar. De facto, o ranchinho dos que têm visitas à espera avança vagarosamente, com as suas blusas verdes e os seus suestes sempre pendurados ao pescoço, pois quando o Sol espreita aquece mesmo.

Um frémito de emoção percorre o coração dos pais que já não vêem os filhos há uns dias. E parece-me que das centenas de pessoas ali presentes não houve uma sequer que ao ver o seu rebento não acenasse para ele, com fulgor nos olhos e alegria no coração. Depois são os abraços e as clássicas perguntas «como estás tu», «tens passado bem?», «tens comido muito?», «tens tido saudades dos paizinhos?», e «estás tão queimado!», «queres ir-te embora?». Ir embora? Mas quem pensa nisso? Qual ir embora, qual deixar aquele ambiente!...

É certo que alguns se agarram aos pais, choram, mas não são poucos. A grande maioria, findos os primeiros momentos de certa estranheza até, e de tomarem contacto com os mimos e guloseimas oferecidos, começam a contar as suas aventuras, as suas brincadeiras.

Entretanto, por grupos, inicia-se a visita à Colónia com a indicação solicita dos monitores. E então é que é admirar. Magnificas instalações. Tudo impecável. Aqui a secretaria, ali a enfermaria, com médico diariamente, onde felizmente as camas estão quase sempre vazias, e o seu posto de socorros, com enfermeiro permanente, onde a pequenada vai tratar os arranhões, regressando toda satisfeita com as tiras de adesivo nos braços e nas pernas. A seguir o edifício da Direcção da Colónia e também um enorme campo de jogos, onde as competições são bem acesas e se aproveita sempre a ocasião para se ensinar o lema do saber ganhar e do saber perder.

Depois a cozinha, ampla, higiénica de funcionamento moderno, onde mãos hábeis despacham refeições para mais de 350 pessoas. De cada lado um vasto refeitório, arejado, das janelas dos quais, olhando em direcção ao mar, se desfruta uma soberba vista, logo realçada com canteiros mimosos cheios de flores garridas, lindíssimas e bem tratadas. Anexos aos refeitórios grandes baterias de lavatórios que se tornam bem necessários para despachar tanto garoto.

Agora o balneário, enorme na sua extensão, mas de tamanho reduzido no seu formato, atendendo à natureza, à idade dos colonos. Uma graça

Também há uma biblioteca que tanto tem revistas e jornais acessiveis aos mais miudos, como livros para os mais velhinhos. Ao lado situa-se um salão geral, onde se ouve missa e também, fechada a zona onde está o altar, se reunem à noite para verem cinema ou para brincarem antes de se deitarem.

Mais ao lado, espalhados pelo meio dos eucaliptos, existem os alpendres resguardados, decorados pelas crianças sempre auxiliadas pelos monitores que são como uns irmãos mais velhos, que as vigiam e aproveitam todas as ocasiões para dar um bom conselho ou um bom ensinamento. Estes monitores são devidamente preparados ao longo do ano, frequentando um curso que visa a sua formação pedagógica. E na verdade, a comprovar, está o facto de se verificar em todos os rapazes a maneira como se referem aos seus monitores, a quem tratam como verdadeiros camaradas.

Finalmente temos os dormitórios, que são pavilhões separados, disseminados entre arvores, plantas e flores, com arruamentos bem delineados. Cada dormitório é formado por dois corpos ligados ao centro por um quarto onde ficam os monitores. Igualmente têm os anexos sanitários. Cada uma das fofas camas daquele ambiente liliputiano tem uma caixa onde o colono tem as suas coisas. As camas são todas ligadas no sentido longitudinal dando um aspecto fora do vulgar. O pavimento brilha. Tudo é irrepreensivel, impecável, higiénico e confortável!

Finda a visita regressa-se ao ponto de partida e fica-se por ali pelo enorme parque infantil já mencionado acima. Há alegria, bulicio. É vê-los pulando, brincando, gritando, misturados com os familiares que os observam embevecidos.

Agora está um turno de rapazes, depois será um de meninas. São 320 de cada vez, divididos em 5 grupos de 64 com 4 monitores cada. Os grupos têm cada um sua cor, um nome ou divisa. Há os verdes, os vermelhos, os amarelos, os castanhos e os azuis. Distinguem-se pela indumentária. Os próprios monitores têm camisola da cor a que pertencem. Cada grupo tem o seu dormitório, o seu alpendre e faz uma vida à parte, desenvolvendo um centro de interesse que pode ser desportivo, cultural ou botânico.

A vida que ali se leva é sempre movimentada e salutar. Levantam-se cedo é certo, às sete e meia, mas também se deitam às vinte e duas ou vinte e uma e trinta, conforme têm ou não cinema. Vão às nova horas para a praia, descendo os trezentos e tal degraus implantados entre as rochas, fazem a sua ginástica antes do banho e passam o resto da manhã brincando em mais baloiços, mais argolas, em alegre convivio. Depois do almoço fazem duas horas de repouso. Dois dias por semana têm canto coral com cantigas próprias para a sua idade. O resto do seu tempo é aproveitado nos jogos, nos trabalhos manuais, nas tarefas colectivas para o grupo e na brincadeira. Existem também uns regulares serviços religiosos com capelão permamente. Todavia, algum garoto que não professe a religião católica não é obrigado ao cumprimento de tais serviços. De vez em quando têm excursões pela serra e passeios ao exterior, visitando monumentos ou locais dignos de interesse.

Vida sadia, de ar livre, de contacto com a Natureza, sem pensarem em livros, em contas, cópias ou ditados. Sem preconceitos de indumentária, andando por vezes com camisolas e calções mais largos. É preciso é pular, cantar, viver os vinte dias de vida sã. Há ali rapazes do Barreiro, de Lisboa, de Alferrarede, do Porto, de todos os lados onde há familia CUF. Há filhos de operários, de empregados, de chefes. Porque ali pròpriamente não estão só os que precisam de ter férias de campo e praia, férias que os pais lhes não possam proporcionar. Trata-se dum convivio que faz bem às crianças, dum ambiente em que têm de resolver já alguns assuntos por iniciativa própria sem estarem sempre a depender dos pais; ali passam sem os mimos mas passam também muitos dias sem ouvirem as habituais frases «não mexas aí», «está calado», «está quieto» e também sem apanharem o seu açoite...

Chega finalmente o termo da visita. As famílias vão tomando o caminho da saída. Há um ou outro pequeno que nessa altura é acometido duma pequena crise de choro. Mas é só um momento. Passado um bocado, distraído com os outros, já nem se lembra. A maioria, porém, despede-se à pressa dos familiares e vai terminar os jogos. Alguns até nem descem dos baloiços para não perderem o lugar...

Sai-se com excelentes recordações. Não há duvida que todos os pais voltam descansados, confiantes. E tão bem impressionados que, ao deixar o portão da Colónia, só se houve murmurar...

- Até a mim me apetecia passar aqui uns dias!
E talvez sejam palavras ditas com senso..."

L.V.


E pronto, aqui está ele, espero que tenham gostado, e que vos traga à memória o imaginário da Colónia (por quem lá passou). Depois de todas as experiências relatadas por varias pessoas, o mínimo que poderia fazer era colocar aqui este texto de forma a avivar esses tempos idos que todos vocês retêm na vossa memória e que daria para escrever um interessante livro sobre a Colónia de Férias da CUF.

3 comentários:

José Miranda disse...

Embora nunca tenha frequentado a Colónia de Férias de Almoçageme (sou nascido e criado no Barreiro, mais propriamente no antigo Bairro Velho da CUF, junto à Sede do Grupo Desportivo - morava na Rua dos Óleos - filho de empregados e mais tarde também feito parte do universo CUF), lembro-me de ir lá de visita e mais tarde ver a minha namorada (depois esposa) que frequentou como colona e depois como monitora.

Era um grande campo de férias... assim como o Externato CUF, que frequentei da 1ª à 4ª Classe com a professora Dª Maria de Lurdes Capitão.

Velhos tempos, que recordo com alegria.

Abraços

José Miranda

Julio disse...

Olá Sr. Jose Miranda! Eu frequentei a colonia de ferias nos anos 80 e foi das melhores experiencias da minha vida. Desde os meus colegas como as monitoras tudo são boas recordações.

Lembro-me especialmente de uma monitora, chama Maria Vitoria, ela era do barreiro. Caso a conheça pode responder-me a este comentário? gostaria muito de saber como ela está, pois já passaram 20 anos desde a minha ultima ida à colonia.

com os melhores cumprimentos

Júlio Silva

Vitória disse...

Julio lembro-me(monitora Vitória) perfeitamente de ti e como dizes, já passaram vinte e tal anos, mas o que tinha aquela colonia de férias era isso mesmo, deixar marcas para toda uma vida.
Só hoje encontrei este endereço através de um outro no facebook- Amigos da colonia de ferias da Cuf.Vai lá que me encontras e muitos outros da colonia. Vais adorar.