sexta-feira, 12 de março de 2010

Exemplos de publicidade de marcas concorrentes da CUF á epoca da Campanha do Trigo de 1929

Estava eu a ler o belíssimo livro, recentemente editado sobre a relações de Alfredo da Silva e Salazar, quando me deparei com o interessante sub-capitulo intitulado "O Comboio do Trigo", no qual é referida a Sociedade de Anilinas L.dª que em Portugal eram representantes da I.G. Farbenindustrie Aktiengesellschaft (na época um dos grandes agrupamentos do mundo da industria química) e do Stickstoff-Syndikat, G. M. B. H..

Lembrei-me de repente que tinha adquirido em tempos, anúncios deveras interessantes dessa firma, que tal como é descrito no livro detém à luz da época soluções gráficas inovadoras. Estes que vos passo mostrar têm a particularidade de serem Adubos Azotados, produto esse que ainda não era fabricado em Portugal, e que era para todos os efeitos uma lacuna na produção da CUF. Teria de se esperar até ao final dos anos 40 princípios de 50 para a existência de uma produção nacional de adubos azotados, tema sobre o qual me irei debruçar com maior detalhe num próximo post.

À semelhança do que aconteceu um pouco por toda a Europa de finais dos anos 20 inícios de 30 (ex: Battaglia Del Grano, Itália, 1925), numa época de pensamento em termos de auto-suficiência, quer seja a nível agrícola quer económica (aqui numa perspectiva relativa à substituição de importações, caso dos chamados trigos exóticos, que até aí eram essenciais ao abastecimento do país) também em Portugal se lançou aquilo que foi denominada pela Campanha do Trigo que teve o seu inicio em 1929. O então Ministro da Agricultura, Linhares de Lima, de forma a incentivar o cultivo do trigo, atribuía através do seu ministério subsídios aos agricultores que aproveitassem terras incultas e vinhas para este tipo de cultura. Foi um pau de dois bicos, se por um lado introduziu alguma modernização na agricultura portuguesas, (ex: introdução de novas técnicas e uso de adubos, assistência aos agricultores, escolhas de sementes, alargamento da área do cultivo) e que até 1935 nos dá sinais de boas produções e até excedentes, de aí para diante esta cai por terra, provando ser um erro, levando à erosão e cansaço dos solos bem como à destruição de florestas. O Estado só se voltaria a interessar pelo Alentejo nos anos 60, com a realização do vasto Plano de Rega do Alentejo, onde se propunha numa primeira fase a irrigar 170 mil hectares, numa tentativa de substituir as culturas de sequeiro pelas de regadio.

Estes anúncios para alem de publicitar as suas vantagens, tinham ainda o seu modo de emprego, dependendo do seu tipo de cultura:
Nitrophoska






Diammoniumphosphat IG e Leunaphos IG






Um exemplo de um outro folheto propagandístico


Alfredo da Silva, sabia claramente que a CUF se apresentava em desvantagem, face à concorrência, para isso rapidamente gizou o plano de se associar à então jovem I.C.I. (Imperial Chemical Industries) que era uma união de varias empresas químicas inglesas e que anos mais tarde se tornaria numa Multinacional de respeito na área. Será também a partir dessa época que a CUF passará a representar esta mesma empresa em todo o espaço português. Para colmatar a falta de adubos azotados a CUF, apresenta o Nitro-Chalk Fixe, fabricado pela I.C.I. que continha 15,5% de Azoto e 48 de Carbonato de Cal, e aqui vos deixo o prospecto de apresentação do produto, assim como o seu texto explicativo.





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