Caros Leitores, acabo de receber mais um interessante testemunho de um antigo monitor, tento frequentado a respectiva Colónia entre 1972 e 1981. Muito agradeço ao Sr. Adalberto Manuel Borges Petinga, que teve a honra de me enviar este seu testemunho apaixonado. Alias deixo o repto, a quem quiser, partilhar as suas memorias sobre a Colónia de Ferias, que entre em contacto comigo através do email: ricardo.estoril@gmail.com, aqui neste humilde blog garantirei sempre "tempo de antena" a todas elas. Pois como disse e muito bem o Sr Adalberto Petinga "Recordar é Viver". Aqui fica o texto:
"Chamo-me Adalberto Manuel Borges Petinga, tenho actualmente 58 anos, porque os meus pais eram trabalhadores da CUF, fui nascer na maternidade do Posto Médico da CUF, no Lavradio (Barreiro) e logo bebé fui para a respectiva creche até ao primeiro ano de vida.
Logo pela nascença fiquei "agarrado" à CUF.
Fiz a instrução primária na Moita, onde vivia e após conclusão desta, voltei ao Barreiro, para frequentar a Escola I. C. Alfredo da Silva, como aluno e mais tarde de 1977 a 1980, como professor.
Nunca frequentei a Colónia de Férias, em criança, pois tinha muito medo "pavôr" de fazer a análise do sangue na inspecção médica, que era obrigatória.
Mas já com 17 anos fui frequentar o curso de monitores para colónias de férias e com 18 anos (1972) ingressei como monitor desta saudosa colónia de férias. Tanto amor lhe tinha, que por lá fiquei até 1981, tendo até anos de fazer dois turnos, durante esses anos passei por todas as cores e nos últimos três anos fui Monitor Geral.
Adorei todos os anos que ali passei parte das minhas férias e da minha mocidade.
Recordo com muita saudade as crianças das quais fui monitor, hoje homens, das quais possúo algumas fotografias, que de vez em quando as revejo no meu álbum, para matar a saudade desses tempos, assim como todos os colegas monitores com quem me cruzei durante esses gloriosos tempos.
Recordo com emoção:
-Os serões que se faziam, com a "criançada".
-Os campeonatos de futebol.
-As gincanas de carrinhos de madeira, feitos pelos garotos e monitores.
-Os grandes jogos olímpicos, com a sua grande cerimónia e desfile de abertura, com o hastear da bandeira olímpica e o acendimento da pira e até a atribuição das medalhas e colocação da coroa de louro aos vencedores das várias modalidades.
-O grande jogo de pista, pela bela Serra de Sintra, ou a caça ao tesouro, conforme a garotada mais gostava de lhe chamar.
-Os passeios a pé e de autocarro, pelos arredores da colónia.
-As actividades de trabalhos manuais nos alpendres.
-A célebre festa final, na última tarde, onde a pequenada ensaiada pelos monitores cantava, dançava e representava, nesta festa também nós monitores actuávamos, de um modo geral como cantores, dançarinos de folclore, fazíamos teatro e fazíamos as partidas aos monitores mais novos, que metiam sempre a célebre "banhada", que a garotada achava sempre muita graça.
-Na última noite era a despedida final, com o acender das fogueiras no campo de futebol e entoação de cantigas de grupo à volta das fogueiras, as quais culminavam com a entoação do Hino do Adeus.
Aqui todos chorávamos, crianças por um lado e monitores por outro.
(Estou a escrever estas palavras e não contenho as lágrimas que me escorrem pela cara).
Todas estas actividades eram preparadas com todo o pormenor, pois tudo tinha de correr bem.
Muitas noitadas sem ir à cama, para preparar tudo isto. Mas de facto tudo isto valeu a pena.
Recordo também aqui, as partidas e as brincadeiras, que nós os monitores, tínhamos uns com os outros, quando a pequenada já adormecia.
De um modo geral o "bombo da festa" os sacrificados, eram sempre os monitores caloiros:
-Desde o retirar da sua cama o estrado e em vez deste colocar canas a suportar o colchão.
-Apanhar um sapo e colocá-lo no fundo da cama.
-Etc...
Hoje só lastimo, o ponto a que tudo isto chegou, como foi possível deixarem desfazer um local tão bonito e aprazível, onde milhares de crianças deste país passavam alguns dias de férias, muitas vindas do Interior Norte e Alentejo (Recordo o pequenito Libâneo de Mourão ou Reguengos de Monsaraz, que ali pela primeira vez viu o mar, parece que estou a ver a sua admiração no 1º dia da praia, coisa fascinante para o garoto).
Passei há quatro ou cinco anos pelo local, fiquei simplesmente desolado.
Conforme disse atrás, tenho imensas fotografias que brevemente tentarei colocar neste blog, para que todos aqueles que passámos por aquele belo espaço, possam rever e reviver as suas vidas, porque não esqueçamos que "Recordar é Viver".
Um grande abraço para a grande família CUF de colonos e monitores.
Um grande bem haja a todos.
Adalberto Petinga"