Faz exactamente no dia de hoje 67 anos que Alfredo da Silva deixou o mundo dos vivos. Homem como poucos existiram em Portugal, infelizmente é hoje uma figura desconhecida da maioria. Ha 67 anos atrás o país vivia a sombra da IIª Guerra Mundial, das longas filas dos racionamentos, problemas de abastecimentos aos quais a CUF também não escapou.
Contudo Alfredo da Silva, foi sempre um lutador e um vencedor, acreditou nas potencialidades da indústria portuguesa, e com a CUF tentou explorar ao máximo todas essas vertentes (lema que aliás se manteve com os seus sucessores até 1975). Homem enérgico, empreendedor e de pouca paciência, diziam que tentava andar mais depressa que o país, entrava dentro dos gabinetes dos Ministros, falava directamente com eles, tentando vencer com a maior celeridade a enorme máquina burocrática do país (ontem, tal como hoje...). Quando fechou os seus olhos não quis que as suas fábricas parassem, e não pararam, as suas buzinas e apitos ecoaram em uníssono, como ultima homenagem, ao homem criador do Barreiro Moderno. Quis repousar junto da sua obra que já não existe, e que foi o seu projecto de vida.
Alfredo da Silva tinha desaparecido, mas contudo a sua obra foi continuada, pelo génio do seu genro Manuel de Mello, e pelos seus netos Jorge e José de Mello. Continuaram a criar novas fontes de trabalho, a introduzir modernidade, nos maquinismos das fabricas, novas mentalidades, maior diversificação de negócios, tornando a CUF num motor de desenvolvimento tecnológico e económico único em Portugal.
Infelizmente o ser humano é capaz de destruir coisas maravilhosas e foi isso que aconteceu com a CUF, precisamente numa época em que esta se estava a afirmar perante o Mundo, a politica quando mal executada e pensada leva a erros estratégicos fatais e este foi um deles. Hoje o panorama português é bem diferente a braços com uma crise profunda, típica de um país que não sabe para onde vai e que já pouco produz. Hoje tal como no passado, governantes e industriais, deveriam saber qual a linha de rumo a seguir, e trabalharem de perto precisamente, para que se voltassem a criar novas fontes de trabalho e de riqueza nacional.
Num passado bem recente Portugal demonstrou ao Mundo, do que era capaz no campo industrial, em varias áreas (algumas ligadas ao universo CUF) chegou-se mesmo a criar tecnologia nacional. Não é só com os livros e com os outros países que podemos aprender, com a Historia podemos e devemos aprender, para podermos construir um futuro melhor.
Andam por aí uns senhores nos dias de hoje empenhados em criar choques tecnológicos, pois se calhar essas e muitas outras pessoas deste país desconhece que o Grupo CUF foi por si só um verdadeiro choque tecnológico, ao longo de toda a sua existência . Pena é que em Portugal a maioria das pessoas tenham memória curta.
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