Nos anos 60 a CUF era reconhecida por uma vasta gama de produtos de excelência entre os quais os têxteis (alcatifas, tapetes, cortinados etc) detendo mesmo lojas de venda ao público. A sua tradição têxtil remonta ao inicio da Companhia, nascida da necessidade primária, do ensacamento dos seus adubos, seguindo-se depois, o fornecimento de cordoaria, para os navios da Sociedade Geral.Contudo a partir dos anos 60 assiste-se a uma cada vez maior procura das fibras sintéticas, que pudessem substituir matérias-primas tradicionais, como a juta, ou cairo, ou a lã. Em 1968 a subida vertiginosa dos preços da juta, nos mercados internacionais e a concorrência por parte de outros tipo de embalagens viram ditar uma reconversão e uma reestruturação da Zona Têxtil da empresa. Sabemos que ao longo da sua vida industrial a CUF esteve sempre a par de todas as inovações técnicas que rapidamente eram introduzidas no seu complexo industrial e a têxtil não foi excepção. Era necessário acompanhar os tempos, vivia-se numa era de petróleo barato, através do qual por processos químicos, era possível transformar-lo em fibras mais resistentes que as naturais (tais como o Nylon, o Rayon, ou o Terylene) ditando assim uma grande procura no mercado deste tipo de produtos. Não será por acaso que a CUF em 1970 coloca em funcionamento novas linhas de feltro, nova estrusão e tecelagem de ráfia de polipropileno (necessário à modernização do ensacamento dos adubos).
O ano de 1973 ficará para sempre conhecido pelo seu Choque Petrolífero, que encerrou segundo a opinião de muitos economistas, um período dourado da economia mundial com taxas de crescimento espectaculares. Era também o fim da idade da inocência, para os países produtores desta matéria-prima essencial à vida moderna, que se aperceberam do seu poder, aumentando o preço do barril a 300%. Este choque teve ter grandes repercussões directas precisamente nas industrias derivadas do petróleo, estaleiros navais, e na química.É importante referir que na época o país debatia-se com dificuldades de abastecimento deste tipo de fibras. Observando o seu relatório de contas pretendia a empresa os seguintes objectivos:
- fomentar a difusão de novas tecnologias de laboração de fibras sintéticas
- contribuir para a exploração mais racional do equipamento instalado
- facultar meios de antecipação às tendências do mercado atribuindo novas perspectivas na comercialização e promoção dos produtos finais
- reforçar o poder contratual do sector têxtil nos mercados externos pela garantia de aprovisionamento de matérias-primas necessárias
Esta nova unidade do Grupo CUF, teria como principal matéria-prima um derivado do petróleo o acrilonitrilo, que não era ainda produzida no país, mas que estava já planeada (para uma 2ª fase) o seu fabrico no futuro complexo industrial a C.N.P. (Companhia Nacional de Petroquímica) em Sines, que estaria previsto o seu arranque da laboração para 1977, contudo e até hoje o acrilonitrilo nunca se chegou a produzir entre nós, não passando da fase de projectos.

Fases da Construção da FISIPE
Quanto a capitais a FISIPE representaria uma das ultimas "Join-Ventures" firmadas pela CUF desta vez com o Grupo Mitsubishi. O capital desta nova sociedade era de 250 000 000$ sendo o valor subscrito pela CUF de 60% e para a Mitsubishi os outros 40%.
Bibliografia consultada:
- Estatutos da FISIPE, 1973
- "Jorge de Mello - um Homem", Jorge Alves, Edições Inapa
- "Momentos de Inovação e Engenharia em Portugal no Século XX" Vol. III Cord. Manuel Heitor, José Maria Brandão de Brito e Maria Fernanda Rollo. (Cap. Sobre o Complexo Industrial da CUF no Barreiro) pp 242-285
- Relatórios do Conselho de Administração (1973/75)
1 comentário:
A FISIPE continua viva e com perpectivas interessantes para o futuro e nunca encerrou, nem deixou de pagar os salários.....
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