segunda-feira, 27 de agosto de 2007
A Inauguração do Estaleiro da Margueira, 23 de Junho de 1967
Gostaria neste post de vos apresentar uma reportagem feita pela Revista de Informação Interna da Lisnave aquando da inauguração solene do seu novo Estaleiro da Margueira a 23 de Junho de 1967. Mais outro grande empreendimento do Grupo C.U.F., sendo também o primeiro grande investimento industrial nacional praticamente virado para o mercado externo. Este rapidamente obteve sucesso imediato, pois em 1969 a Lisnave reparava cerca de 30% da frota mundial de petroleiros. Contribuía fortemente para a economia do país com a sua fonte de divisas. E como a meu ver, não há nada melhor que ler uma reportagem feita por quem esteve presente e assistiu a cerimónia deste acontecimento, pois aqui vai ela.
“«… A construção de um novo estaleiro naval no estuário do Tejo, convenientemente dimensionado e equipado para poder reparar e construir navios de grande porte, nacionais e estrangeiros, tem constituído desejo permanente das entidades ligadas ao nosso meio marítimo e, de modo geral, aos responsáveis pelo desenvolvimento económico do País. Efectivamente, a necessidade do novo estaleiro de Lisboa encontra plena justificação não só em razões de ordem histórica, mas também, e de sobrado valor, em motivos de ordem económica».
Estas foram algumas das palavras proferidas, no dia 6 de Abril de 1964, pelo Presidente do Conselho de Administração da Lisnave, José Manuel de Mello, aquando do acto do início da construção no novo estaleiro da Margueira.
Por volta das 14 horas, já o vasto recinto – onde as bandeiras, as flâmulas e os pendões ondulavam suavemente, beijadas por um sol quente e aberto – apresentava o ambiente alegre e colorido das ocasiões festivas.
Começava chegando o caudal imenso das 7500 pessoas que se esperavam assistissem à cerimónia.
Na doca nº 12, o “Príncipe Perfeito”, enquadrava-se na panorâmica da festividade.
Cerca das 15:45 horas, quando tudo se encontrava a postos para o momento da inauguração oficial, deu entrada no recinto do estaleiro o Chefe do Estado que, junto do “Príncipe Perfeito”, recebeu os cumprimentos do Presidente do Conselho de Administração da Lisnave, José Manuel de Mello, Administrador Dr. Jorge de Mello e directores-gerais João Rocheta e Thorsten Andresson.
Dirigindo-se para a tribuna central e adiantando-se até junto do parapeito da doca principal, o Chefe do Estado descerrou uma lápida comemorativa da inauguração, na qual se lia o seguinte:
AOS 23 DE JUNHO DE 1967, SUA EXCELÊNCIA O SENHOR ALMIRANTE AMÉRICO DEUS RODRIGUES THOMAZ, PRESIDENTE DA RÉPUBLICA PORTUGUESA, INAUGUROU ESTE ESTALEIRO NAVAL, EMPREENDIMENTO NO QUAL SE CONGREGARAM HOMENS E CAPITAIS PORTUGUESES, HOLANDESES E SUECOS E CUJA COLABORAÇÃO E ESFORÇO SE DEVEM O PROJECTO E CONSTRUÇÃO DESTE ESTALEIRO, A PREVISÃO DO SEU FUTURO DESENVOLVIMENTO E A FORMAÇÃO DO SEU PESSOAL.
Nas tribunas que se alongavam a um lado e outro da doca nº 11 – a maior da Europa e uma das maiores do mundo – encontravam-se já o Cardeal Patriarca de Lisboa, Ministros, membros do Corpo Diplomático e outras altas individualidades, representantes de grandes companhias de Espanha, França, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Dinamarca, Suécia, Noruega, Alemanha, Suiça, Mónaco, Malta, Japão e Estados Unidos e cerca de 5000 empregados e seus familiares.
Então premindo o comando automático a distancia, o Chefe do Estado fez funcionar as válvulas de enchimento da doca principal tendo sido, em seguida, pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, lançada a bênção às novas instalações.
De seguida discursou o Presidente do Conselho de Administração da Lisnave, onde referiu aspectos históricos da obra, assim como aspectos técnicos. Final do seu discurso deixou um sincero agradecimento a todo o pessoal da Lisnave.
Discursou em seguida o titular da pasta de economia Dr. Correia de Oliveira, após o seu discurso o Chefe do Estado coadjuvado pelo Dr. Correia de Oliveira e José Manuel de Mello impôs, a várias individualidades suecas e holandesas ligadas à Lisnave e ainda a técnicos e operários que colaboraram no projecto e execução do novo estaleiro, as insígnias das condecorações com que decidiu agraciá-los.
Na cerimónia estiveram presentes à inauguração dos novos estaleiros, 19 jornalistas estrangeiros: - sete ingleses, três suecos, dois noruegueses, dois americanos, dois holandeses, um francês, um alemão e um grego.
Associando-se à inauguração do novo Estaleiro da Lisnave, os C.T.T. puseram em circulação, no passado dia 23 de Junho, uma série especial de quinze milhões de selos comemorativos do acontecimento.”
Fonte: Revista Interna da Lisnave, Junho de 1967
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2 comentários:
uma dor muito grande o fecho do estaleiro um grande crime dezejo a morte ha keles k knseguiram com que a lisnave fechasse
Infelizmente também eu tenho essa dôr. Sempre que vou para Lisboa, gosto de olhar aquele Estaleiro que ja foi um dos maiores do mundo, olha-lo ali abandonado consome o meu coraçao. Tinha tudo para continuar a ser um grande estaleiro....
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